sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Quando dói o coração


Quando dói o coração...ele quer sair fora do peito!
Desfaz-se o ser em pedaços...
Sonhos voam no ar como pássaros...
Dói o coração e fica dormente!...
Tenta alcançar a mente...mas esta mente...
Desmancha-te coração, não sintas!...
Fica aí, quentinho no peito de alguém que ama!...
Salta, corre...mas não te percas!
Tu és aquele que possui a dor de amar...
Estás vivo!...
Não morras, coração de paixão!...

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Silêncio


Quando o silêncio demora e já não se ouve...tudo fica mais longe!
As perguntas e as respostas congelam no ar e quedam-se no vazio do coração...
Só o tempo fica, eterno aliado, agarrado ao que sobrou de nós, tentando desvendar mistérios e segredos calados...
As palavras abraçaram-se ao vento que passa, falando através dos uivos dos lobos, habitantes das serras longíquas...talvez eles me tragam noticias de ti!...
Na garganta, seca, sofrida, secaram as palavras que nunca te direi, que nunca me dirás...Fiquei esquecida, adormecida nesse silêncio que dorme a teu lado...Sou, talvez, apenas um nome que ficou gravado talvez, marcado, num quadro pendurado na parede do teu quarto.
A loucura, passa-me tão perto como a lucidez, indiferente, querendo arrebatar-me para longe, para outro mundo, talvez um lugar confortável, impermeável, intocável, um lugar sem tempo...
Mas no silêncio, teimo ficar, abraçada ao tempo,  tentando deixar passar os dias, os anos, indiferentes à existência dos eternos românticos...

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Esperei por ti...



Esperei por ti todos os dias da minha vida...
Como quem espera um milagre...
Sonhei teu rosto de menino, tuas mãos macias de criança...
Esperei por ti como quem espera outra parte de mim...
Encontrei-te em pedaços de mim nos rostos vagueantes, passageiros da vida...
Meu corpo cansado, minha alma atordida, fiquei, de mãos vazias, à tua espera...
Naquela manhã de Inverno, talvez numa véspera de um Natal qualquer,  acordei dessa anestesia letárgica...e encontrei-te a meu lado, tu...eras tu! Tinhas o rosto de criança e as mãos macias...e nesse rosto encontrei-te! Era eu...criança que fui e continuara a ser!

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Apesar de...



Apesar da realidade, o sonho...
Apesar dos pesares, as levezas...
Apesar da tristeza, a alegria...
Apesar do ódio, o amor....
Apesar da guerra, a paz...
Apesar da indiferença, a amizade...

...lugares comuns numa época que apelidaram de natalícia...

Natal...

A  pesar as coisas boas, as coisas doces da vida, apesar das coisas amargas da vida...
Pesem-se as doçuras da vida!...apesar dos pesares!

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

A mesma dança



Que os impedia agora de dançar a mesma dança?
Nesta valsa da vida, os movimentos tornaram-se torpes com o tempo...
Os braços já não tinham a força de outrora para se envolverem num corpo só...
A distância impedia de tocar-lhe os dedos...aqueles dedos que conheciam cada milimetro de pele do seu corpo...
A esperança daquela dança a dois projectada ao luar, desvanecia-se em bocados de sonho jogados ao chão...
Aquele chão que conhecia todas as danças daqueles corpos, dança de um corpo só...
...A mesma dança...
Que os impedia de voltarem a dançar a mesma dança, livres, eternos pássaros nos céus voando em inúmeras valsas?

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Equilibrio



Tiraram-me o chãos dos pés...
Agora permanrço em constante equilibrio entre a terra e o mar..
Não estou na terra...
Não estou no mar...
Estou entre o azul do Céu e o azul do mar...Estou entre a terra e o mar...
Tentando equilibrar-me neste vazio, de braços abertos à espera DAQUELE  abraço
que me levará um dia até o azul celeste onde não existirão nuvens, nem pegadas na terra, nem vazios, nem desiquilibrios, nem quedas...

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Na epiderme da alma


Na epiderme da alma escondem-se memórias de outras vidas,
resquícios de imagens guardadas em albúns nos arquivos do Eu...
Segredos guardados em cofres pelos deuses...
Caminhos de estrelas percorridos através do Universo...
A essência, o perfume do Ser perdura...
As passagens ficaram esquecidas num recôndito pedaço de ti...
Jamais serão apagadas, talvez recordadas...
Talvez déjà-vues...
Talvez um qualquer sonho numa noite destas te relembre o que foste...
Talvez tenhas sido tudo, talvez sejas tudo...
mas esquecida ficaste, escondida na epiderme da alma...

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Viver-te



Viver-te seria muito mais do que penetrar-me nos poros da tua pele
Viver-te seria muito mais que sonhar-te no teu sonho
Seria muito mais que afundar-me na tua boca
Adormecer-te no teu sono
Ou percorrer-te no teu corpo...
Viver-te seria muito mais que isso e muito mais!...
Viver-te seria ser-te num só corpo, numa só alma e neles viajar e deixarmo-nos levar!...
Vive-me e viver-te-ei para sempre!...

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Pedaços de mim


Sou pedaços de mim jogados ao vento,
sonhos, promessas, ilusões desfeitas no meu ser...
Sou criança diluida num corpo de mulher
Sou estrangeira em mim...quase não me reconheço!
Arranco esses pedaços de mim e construo o puzzle que sou...
tento não desfazer os pequenos pedaços destroçados...
e reconstruo-me a cada momento...

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Marca do tempo


Desvanece-se o tempo em labirintos insondáveis...
Teias de saudades sulcam estradas no rosto de quem ama...
O que foi, o que era, ficou marcado no nosso olhar...ainda ecoam gritos de esperança através das paredes deste tempo...
Cativos nas marcas dos tempos, permanecemos incólumes...tentamos decifrar os segredos escritos, ocultos nas bermas dos caminhos...são labirintos de vida onde nos sentimos presos...devaneios de peregrinos errantes na senda infinita do Ser...sucumbimos, na busca incessante, cansados, desgastados...até ao final dos nossos tempos!

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

O Meu Mundo


Se conseguisses ver através dos meus olhos
Se conseguisses sentir através do bater do meu coração
Se conseguisses traduzir o som que os meus lábios proferem
Se conseguisses saber o significado que o meu abraço imprime...
Verias o meu Mundo...
No meu Mundo existe sonho e fantasia de criança
Existe inocência e a amargura da saudade da infância
Existe um Poema e uma letra de música por cantar
Existem todas as histórias de encantar por contar
Existe uma dança invulgar e um olhar melodioso cheio de melancolia...
...Quererias lá ficar e comigo voar?
Deixarias as dúvidas no ar?

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Querida solidão


- Olá, querida solidão! Sabes uma coisa?
Começo a gostar de ti, a amar a tua companhia ...
Tu és a minha fiel companheira de todos os dias, todas as noites...
Nunca desmarcaste os nossos encontros, nunca fugiste da minha presença, nunca arranjaste desculpas para não me ver...Começo a gostar de ti, fiel companheira!
E depois, tu és uma conselheira tão boa nos silêncios que repartimos...
Nunca me abandonas nas vicissitudes da vida, quando choro agarrada à almofada...tu ouves-me, irmã, e acaricias-me com os teus silêncios...e reencontro-me!
Abraço-te nos dias frios e nos dias quentes encosto-me ao teu seio, sonho e parto em aventuras inesquecíveis...
Agradeço-te, companheira solidão, sábia professora dos silêncios!

domingo, 19 de novembro de 2017

Eu sou uma nuvem passageira



Eu sou uma nuvem passageira...
No firmamento me movo, espreitando por entre os raios de sol...
Sinto os algodões de neve acariciando-me a pele, provocando-me arrepios...
Continuo vogando no azul celeste...
Sou leve, às vezes tornou-me pesada e choro...lágrimas desejadas e tudo fica mais leve!
Minhas irmãs, também nuvens passageiras, cumprimentam-me à passagem, beijam-me os cabelos brancos...
Às vezes entretenho-me a brincar, esboço figuras no céu, animais e outras coisas mais e divirto-me quando as crianças apontam com o dedo para mim, tentando adivinhar o meu desenho...
Por vezes o vento, um visitante inesperado, sopra-me e empurra-me para lugares longínquos...tremo de medo, desfaço-me em pedacinhos, mas continuo a minha viagem...
Quero beijar o mar, aquele imenso vizinho azul, mas quedo-me perante a sua imensidão...
Sou apenas uma nuvem passageira que com o vento se vai!...


sábado, 18 de novembro de 2017

Remendos



Remendar pedaços de uma alma ferida é tarefa para um bom costureiro...
Colar pedacinhos de um coração partido, tarefa para um bom artifice...
Costurar e emendar pedaços de uma vida, só conseguirá aquele que coloque todo o seu Ser, amor e entrega nessa tarefa...
Somos espelhos partidos em pedaços, tentando colar-nos uns aos outros para sermos inteiros...
Mas...talvez a tarefa seja só nossa...colar e remendar todos os nossos pedacinhos cabe a nós mesmos, costureiros e artifices de almas e corações despedaçados da vida...


sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Porto de abrigo


Porto de abrigo onde encosto a minha alma e descanso o meu ser...para tudo esquecer!
És o meu porto de abrigo aonde anseio pousar minhas asas cansadas, onde quero repousar o meu corpo e encontrar-me...
Quisera que o teu ombro fosse a minha âncora, o meu amparo, o asilo das minhas adversidades, o lugar do esquecimento...
Quisera que teus braços fossem o recanto do meu ninho, o encosto das minhas dores, o alívio das minhas lágrimas...
Quisera que o teu corpo fosse fogueira para me aquecer em noites gélidas e solitárias...
Quisera que o teu colo fosse meu refúgio, me amparasse, criança que sou...
Quisera que teu peito despertasse meu coração adormecido...
Quisera que fosses o meu porto de abrigo...
Mas teus braços tardaram em abrir-se para os meus, tuas mãos ficaram mudas de distância...
E eu petrifiquei, gélida de esperas, nas noites frias e cortantes de Inverno...
Quisera eu reencontrar-me em ti!


terça-feira, 14 de novembro de 2017

Minha estrelinha do mar


Minha estrelinha do mar, que caíste do céu para me salvar ou fazer naufragar...
Agarrei-te no ar, estavas a brilhar...
Vieste-me contar histórias lá do firmamento, histórias de outras galáxias, histórias de muitas estrelas...
Eu, pequenina, olhei-te, agarrei-te na palma da minha mão...
Sonhei, como tu, ser uma estrela fulgente lá em cima no firmamento...
Mas, como eu, caíste no mar...levámos os nossos braços ao Céu, esperando ser salvas pela nossas irmãs estrelas...
Brilhaste no Céu, foste estrela do Céu...agora és estrela do mar e comigo, queres conversar...
Somos duas estrelas a brilhar...
E um dia ao Céu vamos regressar...

domingo, 12 de novembro de 2017

Ecos do silêncio



São ecos do silêncio que nos separam nestas horas em que só a voz da saudade se ouve...
Nestas horas, em que tudo se avoluma, em que o nada se torna tudo, são os ecos do teu silêncio que encontram os meus...
São ecos de palavras por dizer, palavras que ainda não foram ditas ou nunca serão, segredos guardados no silêncio de cada um de nós...
E a dor avança, perante estes ecos, o sono tarda, os filmes desenrolam-se perante os ténues fios de luz de uma vela sobre a mesinha no quarto, que teima em não se apagar...
A angústia aperta o estomâgo e por fim, o corpo sucumbe, embrenhado, anestesiado pelo sono, tentando traduzir estes ecos do silêncio que vêm de longe ...

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Falhou-me a poesia



Falhou-me a poesia no passar dos dias frios e vazios...
Invejo os poetas, as inspirações, jorrando nas veias como fontes de água fresca, cascatas de palavras que nunca secam!
A poesia secou-me nas veias, emudeceu-me a garganta na penumbra da alma...
As feridas sangrando nos sulcos dos versos por escrever, roubaram-me a poesia que congelou dissolvida num pranto gélido de solidão...
Restaram-me os últimos raios de sol de um Inverno tardio...a recordação de um abraço à beira-mar, o beijo esquecido na areia da praia...
Falhou-me a poesia...

domingo, 5 de novembro de 2017

Debruçada na janela


Debruçada sobre a janela da Vida...
Amava aquele azul da sua imensidão
Sentia nos cabelos o ar, repetindo ecos vindos dos confins de si mesma...
Estendia-se naquele mar e naquela praia onde vivia, descansava nas horas mortas...
Nessas horas, escutava as marés, as ondas que iam e vinham, deixar na areia da praia histórias que só os búzios sabiam os segredos...
Histórias de amores, histórias de sonhos desfeitos em grãos de areia...
Agora, debruçada na janela sobre a Vida...
Sabia que nenhuma história teria sido em vão, nenhum sonho ficaria desfeito, enquanto houvesse um sopro de maresia acariciando-lhe os cabelos...
Inspirou mais uma vez e deixou-se embalar pelos cantos das sereias...
Para lá daquela janela...a imensidão do Oceano infinito chamado Vida...que a encantava com seus mistérios!

terça-feira, 31 de outubro de 2017

Nunca fui eu



Nunca fui Eu!
Algemada por correntes que me adormeceram
Amordaçada por uma sociedade que não dá voz!
Amputada por  falsos conceitos...
Subjugada por injustiças vorazes e famintas
Manipulada por monstros impiedosos sem nome...
Que restou de mim que nunca fui Eu?
...talvez ainda, das poucas forças que me restam, consiga retirar as máscaras que me toldam...
...talvez ainda consiga resgatar o meu Eu adormecido, anestesiado...
...talvez ainda a recordação do Ser inocente e infantil possa vir à tona destas águas turbulentas que teimam em afundar-me!...



quinta-feira, 26 de outubro de 2017

A um passo do desconhecido


Vivo a um instante de um passo do desconhecido, esse passo que me impulsiona à descoberta...
Sou habitante de trilhos em terras do nada, em terras de ninguém...
Palmilho mundos ilusórios, meus pés já pisaram lugares longínquos e distantes...Cansados dos caminhos difíceis, transpuseram tempestades e marés...
Trouxeram-me até aqui e talvez só eles saibam onde me levarão...
Saltaram abismos, feriram-se nas pedras do caminho...mas nunca se detiveram...
Em bailes de danças divinas se ampararam...Levantaram asas e voaram por esses Mundos de Além...

terça-feira, 24 de outubro de 2017

FUGA


Há dias em que o Mundo é um lugar muito estranho...
Um lugar onde me movo em dias iguais, sem nome, efémeros...
Há manhãs em que o acordar desperta confuso, sem sentido, estrangeiro de mim...e eu só queria dormir mais um pouco, ficar lá no mundinho dos sonhos...
Mas neste Mundo surreal coloco os pés e percorro mais uns passos...
Questiono-me sobre esta ilusão dos dias e na solidão das noites me aquieto por fim...
Recolho-me então, num abraço, do ruído dos dias, agarro as minhas asas e percorro o silêncio em direcção a mim mesma...

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Vida tão estranha

https://www.youtube.com/watch?v=Fygkc8ygLBw&list=RDLKvH8mz-Jz4&index=5

Ainda sinto o cheiro da tua pele
Ainda sinto o calor da tua voz
Ainda sinto o fogo do teu beijo,
o ardor do teu desejo
a Luz no teu peito,
o olhar frio e quente cor do mar
a ternura do teu abraço
o aconchego do teu colo
Quero agarrar todos os sentidos e colocar
no teu coração...
e o meu doido de saudade, ainda acredita que um dia o Mundo pousará na palma das nossas duas mãos juntas!

sábado, 21 de outubro de 2017

Quando os animais falavam


Quando foi o tempo em que os animais falavam?
Os homens foram sempre surdos...
Quando foi o tempo em que a linguagem do Amor não precisava de palavras?
Quando foi o tempo em que só coração falava?
Não havia tradução em palavras, letras lançadas ao vento...
Todos falavam a linguagem dos animais...
Quando foi o tempo em que os humanos não usavam palavras...
Apenas gestos, ternura e amor...
Que língua mais nobre do que aquela que o coração não consegue traduzir...
Quando será o tempo em que todos os animais do Planeta falarão a mesma língua?

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Fénix Renascida


Renasce, ó Fénix, das cinzas!
Renasce, ó Povo valente e imortal!
Levanta de novo o teu esplendor!
Planta com teu Amor o novo canteiro à beira-mar!
Não sucumbas às mãos dos que te queimam as vísceras sem dó nem piedade!
Reluz, renasce...a Vitória  estará sempre à tua espera, povo simples, guerreiro, abençoado!
 Lava as lágrimas dos teus filhos com as gotas de água da chuva que caem dos Céus!...não temas, tu, nação conquistadora!
Renasce, ó Fénix, das cinzas!
Voa bem alto, por cima do fogo, por cima do mar e da terra, atravessando os ares!...
Tu és divina, tu és imortal!

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Terra ferida, Terra queimada


Terra queimada, Terra abençoada, tão maltratada és...
O teu grito lancinante pede socorro, brotando das cinzas...
Seio onde os animaizinhos adormeceram para sempre, onde as raízes das plantas e as árvores cairam sem vida,  abafando os gritos aos humanos surdos, indiferentes...
Terra amada, Terra amargurada, Terra mãe...eterno o teu perdão, a tua compaixão...
Lançaste no ar o cheiro sufocante da tua dor, acorda os dormentes da Vida...Os Céus ficaram tristes, cinzentos...o Sol envergonhou-se e escondeu-se...As nuvens já não têm mais lágrimas para deitar, tamanha a sua dor...
Lágrimas tão desejadas...chorem as nuvens e apaguem-se os fogos da Terra!...
Chora, chora muito, tu, Natureza divina!...
Só as tuas lágrimas poderão secar as lágrimas dos homens! Só teu o Poder!

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Ontem escrevi-te uma carta...



Ontem escrevi-te uma carta...
...mas não te entreguei...
pensei enviar-te um e-mail...
mas não terias o cheiro das minhas palavras ...
pensei, talvez, enviar-te uma missiva pelo meu amigo vento...
talvez ele te apanhasse...
talvez ele te assobiasse ao ouvido, talvez ele te acordasse desse sono em que me esqueceste...
Pensei imprimir as palavras, tatuar-te o coração...
Talvez assim pudesses sentir o meu mundo...
Mas...
Não vale a pena...porque os mundos são todos diferentes...
As palavras verás nos meus olhos, no bater do meu coração junto ao teu...
O silêncio falará por nós...
O teu mundo poderá entrar no meu?
E as perguntas sempre ficarão por responder...



quarta-feira, 11 de outubro de 2017

O comboio da vida


Sentada à beira da linha férrea, esperava..
Via os comboios, de sonhos passageiros, passarem, passarem...
Mil sonhos de amor, foragidos, vindos de sitios distantes para lugares ainda mais distantes...
Esperava, ali, sentada. pelo comboio dos seus sonhos...
Passavam, ignorando-a, diante da sua pequena sombra ali, prostrada. Uns mais lentos, outros mais rápidos, fugazes trens da vida com sonhos dentro...Onde estaria o comboio dos seus sonhos?
De tanto esperar, cansou-se, pensou terminar sua vida ali mesmo, naquele caminho férreo, talvez fosse a passagem para a outra margem dos sonhos...
Mas, ao longe, um vulto surgiu...a sombra de si mesma, que, ao aproximar-se, lhe disse:
- Aqui estou, sou eu, tu mesma, a passageira dos teus sonhos...venho para ficar contigo!

terça-feira, 10 de outubro de 2017

Do outro lado do espelho


Do outro lado do espelho mora o teu reflexo
A sombra e a luz fundem-se num vidro mágico reflector
O que sou, és tu, o que és sou eu...
Quisera eu beijar-te através dessa janela para a tua alma...
Doce ilusão!...
O que eu beijava era a mim mesma...
Do outro lado e deste lado do espelho as nossas faces, encontram-se, por entre o frio da matéria que nos separa...
Doce ilusão!...

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

No teu ombro



No teu ombro o meu refúgio
No teu ombro o meu porto de abrigo...
No teu ombro descanso as minhas horas...
No teu ombro esqueço o mundo...
No teu ombro estou protegida e esqueço as mágoas...
No teu ombro o amor, a solidão esquecida...
No teu ombro sou mais eu...
No teu ombro a esperança de morrer abraçada a ti...
No teu ombro me aconchego na ternura, inocência e amor perdidos na distância da minha infância menina...
No teu ombro o meu mundo...

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Equilibrio



Mantendo o equilíbrio entre o fim e o início...
Haverá fins, haverá inicios??
Ou apenas recomeços...
Na corda bamba da vida eu caminho descalça...
Tropeço em pedaços de mim que urge esquecer...
São pontas de lança espetadas num coração dormente...
Manter o equilíbrio, pé ante pé, passo a passo...
Sobre os troncos caídos das árvores moribundas, ouço ainda o cigarrar dos insectos nocturnos...
Dentro de mim, no meio das cinzas, das folhas secas, caídas, encontro ainda uma flor a brotar, talvez aquela flor bem cheirosa que desperte o coração numa manhã de Primavera qualquer!..


Quero-te!



Quero-te! - dizes-me tu ao ouvido,
desde aquela tarde em que me acenaste naquele passeio verde de esperança...
eu atravessei a estrada da vida, qual menina à descoberta do mundo, a medo,  impelida por fios invisíveis, anjos que me levavam pelos braços até ti...
A luz azul etérea dos teus olhos, logo perspassou os meus...ficámos quietos, olhos nos olhos, como se o Mundo tivesse parado num segundo..
- Há mil anos que não te via!- disseste-me tu, sorrindo e naquele sorriso reconheci-me e senti saudade...
Agarraste-me as mãos e quiseste dar-me um beijo...timidamente, recuei...tu sabias, e levaste-me de mão dada a ver o mar, cor dos teus olhos...nessa imensidão azul mergulhei para sempre!
- Quero-te! - dizes-me tu ao ouvido...sinto saudade!
E eu fico à espera que o teu querer seja o meu querer, que me queiras sempre como te quero, que os nossos quereres sejam um querer!...
- Quero-te!

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Intensidade



Não sei viver pela metade...
Quero a intensidade dos dias restantes...
Quero agarrar-me, abraçar-me por inteiro...
Amar-me por inteiro...
Não quero metades...
Quero tudo a que tenho direito...
Dançar ao vento a vida com  intensidade ...
Descobrir os segredos das coisas simples...
Agarrar as estrelas e caminhar sobre o mar...
Trilhar caminhos desconhecidos...
Alcançar a verdade das coisas...
Amar e ser amada com o ardor do sol e a luz da sol...
Adormecer e acordar num beijo à Vida...
...e agradecer por mais um dia!...

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Quando o silêncio se faz maior que a minha voz


Quando o silêncio se faz maior que a voz...
A dor entorpece os sentidos, a alma fica anestesiada...
Com a dor de nascer, a criança que era, torna-se muda...
O amor, esse, teima em incendiar o Ser...
Adormecido, indiferente à dor, por tanto lidar com ela,
Cai inerte, esperando que um pavio de fogo o reacenda...
E o silêncio impera nesse império cujo imperador será sempre o Amor e a imperatriz a Dor!...

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Mais ou menos



Não sei viver mais ou menos...
Não quero viver mais ou menos...
Quero a intensidade das pequenas coisas...
Não quero amar mais ou menos...
Desejar mais ou menos...
Viver mais ou menos...
Quero sonhar por inteiro...
Beijar a vida por inteiro...
Não quero brincar mais ou menos neste jogo da Vida...
Quero abraçar Tudo e o Todo por inteiro!...
Não quero um sonho mais ou menos...
Quero um Sonho enorme!...
Quero arrebatar a Vida!...
Mergulhar sem medos nas profundezas...
E emergir em todo o esplendor!

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Vestindo e despindo o Ser




Visto a pele de cada dia, a cada dia renasço...
Nas profundezas do Ser, jaz uma semente, uma essência de borboleta a querer soltar asas e voar...
Perdura, nos dias, bem lá no fundo, à espera de ser liberta...
Nela vivo adormecida, sob capas talhadas por conceitos, valores, atribuídos por um Mundo aonde sou estranha...
Um dia, depois da espera, florescerá, qual larva transformando-se em borboletinha, lançando suas asas para o Novo Mundo, mostrando o colorido do seu esplendor...


...Terei talvez, então, alcançado os braços de Deus, para repousa no seu colo e descansar!...Solta. leve. livre...borboleteando!...

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Reconheci-te


Sonhei-te e ao sonhar-te realizei-te...
Reconheci-te no toque da tua pele, no profundo do teu olhar...
...e as nossas almas reencontraram-se!
Estranhei e toquei-te vezes sem conta para saber se eras real ou apenas moravas no meu sonho...
Eras feito de carne e osso, de olhar sereno e cor de mar, de ternura e doçura...
Eras eu e eu era tu...
Recordámo-nos naquele olhar de sempre...
Quisemos ficar ali, entrelaçados , para sempre, no silêncio doce de duas almas perdidas...
Porque duas almas que se tocam no coração nunca se desprenderão...


sábado, 9 de setembro de 2017

Gata solitária



Agora és uma gata solitária...
Quando chego a casa, cansada de um dia de trabalho, esperando que me mies...
Já não vens aninhar-te ao meu colo, já não vens ronronar ao meu ouvido até me rebentares o tímpano...
Tornaste-te uma gata solitária...
Ficas na tua, aninhada em ti mesma, alheia ao que se passa lá fora...
Já nem vais lá fora, à varanda, em busca de algum passarinho perdido que por ali voe que te tire deste tédio em que te embrenhaste nos teus dias...
Ficas sentada, num cantinho da sala, a ver os dias passarem...
Ensinas-me que a vida também é feita de solidão e quietude, que tudo é tão agora e aqui...
Que basta a quietude para estar vivo...
...tornaste-te uma gata solitária...

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

À tua espera



Agora, à tua espera...
Passaram as tardes de Primavera, quando floresciam as flores da esperança,
passaram as tardes de Verão, quando abraçávamos o sol entre nossos abraços,
chegaram as tardes de Outono, quando as folhas começaram a amarelecer e as praias ficaram vazias...
fiquei à tua espera...
agora percorro as ruas vazias da minha cidade, buscando nos rostos solitários os nossos olhares perdidos, ansiosos por se encontrarem, perscrutando nos casais de enamorados que passeiam junto ao mar, a esperança de um amor renascido...
à tua espera...
marco encontro ao fim da tarde com a brisa fresca do mar, com os últimos raios de sol de Verão, com a música que vem do mar, esperando que me tragam noticias tuas e recordo, os dias  infinitos de solidão duma vida à tua espera...
de longe, vejo a luz do teu olhar cor de mar, o som macio da tua voz, brisa suave, o toque quente da tua pele, qual areia da praia...
à tua espera...
sei que um dia virás...talvez...
bastaria, então, que agarrasses as minhas mãos, me abraçasses e me dissesses:
"Estou aqui, meu amor, para sempre..."
E a espera seria apenas a lembrança das horas solitárias...e  as noites frias de Inverno tornar-se-iam quentes sob fogueiras de paixões!...
E a tua mão na minha seria o meu alento de vida...


quarta-feira, 6 de setembro de 2017

A cor do amor



Quando a pele tinge o corpo com a cor do amor...a alma toma também a cor do amor...
Fundem-se os corpos no calor dos sentires...
Tons escarlates, cores vibrantes de sangue, azuis penetrantes nas veias dilatadas... a cor dos teus olhos, misturando-se nos castanhos dos meus...
No calor envolvente dos corpos, misturam-se as cores do amor...
Paleta vibrante, formando uma tela imaginária em sulcos de poemas...
Elevam-se aos céus em luzes e fogos de pirotecnia...
Talvez para contar às estrelas e murmurarem às galáxias o significado do AMOR
E o Universo será cor, meu amor...

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

O teu nome



Clareou o dia e o som do teu nome ecoou...
Sussurraste-me de longe e as minhas entranhas estremeceram ao eco de ti...
Na minha solidão reapareceste na sombra...eras Luz!...mas logo te desvaneceste!..
Estiquei de novo os braços para te alcançar, mas os dedos das minhas mãos cegaram por entre os vazios dos espaços...
O eco do teu nome ressoou de novo na minha mente ao bater rápido do coração galopante...
À espera de ouvir o teu nome adormeceu a eternidade...


terça-feira, 29 de agosto de 2017

A pele que há em mim



Dos segredos da pele que há em mim só os meus poros escutam
Só as minhas veias falam
Só as minhas células os desenham...
Quiseste saber da pele que há em mim...Saberás tu senti-la?...
Saberás tu responder àquilo que a minha pele respira, àquilo que minha pele transpira?
Saberás tu escutar as células que minha pele transporta?...
Saberás desenhar com teus dedos os trajectos que minha pele risca nos recônditos segredos da vida?...
Dos segredos da minha pele, talvez só eu os saiba e guardarei comigo!...

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Ausência




Sentada na soleira da solidão, via os dias passarem junto à porta  e sentia saudades do que ainda não tinha vivido...
Lá longe, bem longe a Tua sombra, envolta em Luz, num semblante de olhar cor do mar...
Tentei alcançar-te com a ponta dos dedos das minhas mãos cansadas dos vazios...

Agora, era apenas um vislumbre da menina que tinha sido...tornou-se mulher e nem tinha dado conta, distraída, nos sonhos da vida!...
Sou aquela que terás esquecido nas memórias dos meandros dos tempos...as histórias terão sido apagadas dos livros de poemas...
Mas, eis que reacendida a chama cinza-laranja dos dias solitários, talvez te reencontre entre o fogo da paixão e as cinzas das memórias...talvez me reencontre...



terça-feira, 22 de agosto de 2017

Beijo na areia



Aquele beijo ficou cravado na areia da praia, desfeito em espuma, misturado com o sal e lágrimas salgadas...Ficavam as memórias como pegadas de um tempo onde só a felicidade teria morada...
...entardecia o amor ao pôr-do-sol de duas vidas e a Luz transformou em Dia o que tinha sido apenas Noite...

Beijos desfeitos na areia da praia e a voz da Lua, murmurando baixinho aos ouvidos dos enamorados, humedecidos pelos abraços das ondas...
Pelos buracos das conchas espreitam os olhos das saudades...
E os búzios espraiam-se lânguidamente ao som da  música que vem de longe, muito longe, talvez para lá das estrelas...
... os beijos cravam-se na areia da praia ao pôr do sol...perpetuando o Amor naquele Verão longínquo, escaldante...e os amantes adormecem, sonhando o Outono que se aproxima...

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Dunas



...e adormecemos nas dunas, alheios a tudo...
...corpos escaldantes...
...sonhos penetrantes...
...pensamentos vibrantes...
...alheios a tudo...
...divagantes passageiros num Mundo que não nos pertence...
...voámos nas asas do desejo...
...selámos um beijo...
...imaginámos um mundo só nosso nos grãos de areia quentes, penetrando os poros  da pele...
...alheios a tudo...
...nas dunas...
...sonhámos o sonho do Amor profundo...

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Fénix ao vento



Soltam-se ao vento as cinzas do que fui em marés de turbilhões...
Arrancam-se tempestades que habitam, presas ao peito dos sentimentos...
Cantos ao vento, rasando as árvores, contornando os espíritos divagantes...
Arrastam com eles os destroços das fénices que renascerão para o Novo Mundo que as espera...
Alastram as chamas dos corações ardentes...que nunca apagarão!
Misturam-se ventos, cinzas e fogo, reacendendo a Fénix adormecida dentro de mim...

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Sonho de Verão



Estou, pequenina, aconchegada, dentro de um girassol...
Hummm...como se está bem aqui, que quentinho!...
Espreguiço-me, bocejo, estendo os meus braços ao Sol...
Eis que o girassol, contente, solta os seus tons amarelos ao vento, misturando-se com os raios quentes do Astro Rei...
Toda a Natureza resplandece no tom dourado..
Agora pairo sobre uma nuvem amarela sobre os campos de girassois..
Lá em baixo, uma sinfonia de pássaros, folhas e zumbidos de abelhas...
Cá em cima ...o silêncio e apenas EU...observando-me, olhando-me com a estranheza de um ponto amarelo no Céu...

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Se eu morrer de saudades



Se eu morrer de saudade...
Passarei por tua casa para te abraçar...
Serei talvez, apenas já uma sombra de mim, um grão de pó, uma estrela entre estrelas...
... sentirás o meu cheiro quando te tocar ao de leve no rosto...e lembrar-te-ás de mim!...
Escalarei todas as montanhas, atravessarei todos os mares e rios para te reencontrar...só para  tocar  tuas mãos...
Saberás então da minha presença...sempre estive aí a teu lado!
Quando a saudade me levar...beijarei os teus olhos cansados de não me verem...
Adormecido, acordar-te-ei dos sonhos...cantar-te-ei uma balada de amor ao ouvido...serei talvez apenas, um grão de areia da praia ou um botão de rosa pousado na tua almofada...só para te olhar!
Ai, se a saudade me matar!...

domingo, 30 de julho de 2017



Naquele dia acordou e viu que estava só...
Tinham desaparecido os seres vivos da face da Terra...
Restava ele...
Observando-se...
Será que esteve sempre só?...tudo o que tinha visto e recordava teria sido só ilusão? Ou apenas teria sonhado?
Teria ele criado aquela sua história de vida, sentado na solidão da sua existência?
Queria abrir asas...partir em busca de outros mundos...
Nesses mundos não estaria só...
Haveriam mãos, haveriam abraços que o tocassem!...
Haveriam olhares de ternura...
Tudo seria um Sonho...um Sonho de Deus!



quinta-feira, 27 de julho de 2017

Dicotomia do Ser



Viajo entre o Ser e o Não Ser...
Se sou o não ser, o ser eu não sou...
Se acredito construo, se não  acredito destruo...
Se espero desespero, se não espero não vivo..
Se estou, não sou, se não estou, sou?...
Se quero crio, se não quero, crio?
Se duvido procuro, se não duvido creio...
Se sou lua, serei sol?
Se atraio amo, se não atraio, odeio?
E as perguntas que ficam emperradas nas palavras...

Entre a sanidade e a loucura, fico-me pelo meio, entre a dicotomia de Tudo...

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Se estas paredes falassem...



Se estas paredes falassem...
Dir-te-iam palavras para as quais  a minha boca não tem tradução...
Saberiam contar-te todos os segredos ...
Decifrariam os cheiros impregnados na loucura das noites...
Transformariam em histórias os momentos...
Entoariam cânticos de anjos e toadas de amor...
Se estas paredes falassem...
Encantariam e acordariam os amantes dormindo nas noites...
Narrariam os maiores romances e os melhores sonhos...
Rasgariam os céus e acenderiam as estrelas...
Soltariam crateras de amor...
...só para te beijar!...