quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Conversa com o coração


-Olá, sou o teu coração!
-Olá, querido coração, por onde tens andado?
- Perdido por aí, em busca de outros corações que sentissem como o meu...tentando guiar teus passos..
-  Sempre te disse, para me seguires, mas essa tua teimosa massa cinzenta, sempre te contou historiazinhas de mentira... Por isso, às vezes me quebraste, pois, eu sou frágil, mas forte também...quebrei várias vezes, mas consegui juntar todos os pedaços, para voltar a bater, para que sentisses o meu pulsar...
Quantas vezes não me quiseste ouvir, apesar de eu, insistentemente, te sussurrar ao ouvido!...
Será que aprendeste as lições que te ensinei, quando não me escutaste, mas sim a essa terrível massa cinzenta?
Chegou a hora de ficares atento a cada batida que eu der, pois será essa o ritmo dos teus passos!...



domingo, 25 de novembro de 2018

Agarrada às palavras


Agarro-me às palavras...
Tentando sorver-lhes, espremer-lhes o suco das emoções que dormem, caladas, no peito...
Dizem-me, baixinho, as saudades de tempos idos que nunca aconteceram e tempos futuros que nunca virão...
Sabem todos os segredos, que residem, escondidos, nos cantos mais distantes do Ser...
Por isso, me agarro às palavras, tentando ouvir o que têm para me dizer...tanto e tão pouco!
No mistério permanecem...as palavras da alma jamais serão traduzidas na linguagem!...
Agarro-me às palavras e espero que me comuniquem o que ainda está entalado na garganta das emoções!


terça-feira, 20 de novembro de 2018

Cigana dos meus sonhos



Sou cigana dos meus sonhos,
Nómada de uma terra desconhecida e sem nome...
Vagueando perdida...
Tentando aprender os mesmos passos de dança, tentando soletrar as mesmas notas de música...
Mas sempre vadia dos sonhos, me esqueço quem sou...
Dos meus sonhos de cigana...apenas ficam fragmentos duma alma...
Quisera traçar um rumo, uma estrada que me levasse a mim própria...
Mas, nómada dos sonhos, me perdi de mim...

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Quem me guarda os meus fantasmas?


Quem me guarda os meus fantasmas?
Aonde dormem esses seres escondidos, com cheiro a mofo, bolorentos, carunchosos ...nos recônditos mais obscuros...
Pairam, moribundos, tentando a todo o custo agarrar-se às teias das sombras...
Tentam, desesperadamente salvar-se, alcançando a luz ténue que lhes ofusca os olhos...
Debaixo da poeira infértil das perguntas sem respostas, das questões inquestionáveis, insistem em amordaçar-se...
Jazem em cantos obscuros do inconsciente...tentam desesperadamente ressuscitar os seres moribundos que são...e como cadáveres, arrastam-se pela vida, esperando que um rasgo de amor lhes perpetue a existência...cegos, continuam tateando a penumbra, para vislumbrar o Sol...
Quem me arruma estes fantasmas que vivem debaixo de mim?



segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Lá fora o amor, cá dentro a chuva




Lá fora o amor
Cá dentro a chuva cai...
E o amor quer entrar...
Sentar-se na beira da cama
Abraçar-nos...
Mas cá dentro a chuva cai...
Lá fora o amor...
Quer entrar...
Bate á porta...
E de mansinho toca o meu rosto molhado dos teus beijos...
A chuva que continua a cair cá dentro...
E o teu rosto, escondido atrás de um chapeu, reaparece por entre os pingos de chuva...
Que caiem cá dentro, no amor que teima em entrar ...sentar-se, talvez deitar-se conosco, na cama dos beijos...

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Toca-me



Toca-me...
Quero ser as teclas do teu piano...
As letras da tua música...
As notas da tua alma...
O som da tua voz...
O ardor do teu canto...
O ritmo do teu coração...
A cadência dos teus dias...
O desafinado das noites...
A harmonia do toque das cordas da tua viola...
Quero ser o eco da tua música ...
A tua canção de Amor na pauta reescrita por nós...
Toca-me ... e serei as teclas do teu piano...

sábado, 3 de novembro de 2018

(Re)encontro-me em ti



Encontro-me e reencontro-me em ti...
No calor da palma da tua mão
No ardor do teu beijo
Na luz do teu olhar
No arfar do teu desejo
No ritmo pulsante do coração
Vejo-me e revejo-me
Como um espelho, reflexo de mim...
Numa parede branca, numa página virgem do livro da vida...
Reencontro-me em ti
Para (re)escrever com tinta vermelha do amor a mais bela canção do mundo...