terça-feira, 15 de junho de 2021

Pai-menino

 

Aonde está a tua sombra?
Agora procuras o chão que não pisaste, a criança que nunca foste
Perdido, segues passos que desconheces
E sentas-te ao meu colo
Outrora foi meu o teu colo
Arrastas pesadamente as tuas raízes em busca da tua casa
Teus pais, além, sorriem e esperam-te para te acolherem, como nunca puderam fazer
Sou impotente perante a tua dimensão de menino num corpo que não segue os passos da tua infância perdida
Meu pai, meu anjo protector que agora, sem saberes, me abandona no desespero de não te conseguir alcançar 

quinta-feira, 10 de junho de 2021

As minhas cortinas

 

As minhas cortinas são o mar. Através do azul que me entra pela janela, vejo os pássaros que passam velozes em debandada e transporto-me em viagens para sítios desconhecidos e voo, voo sempre. 
Vejo o sol que me diz bom dia e me acaricia o corpo.
Vejo as ondas que me (en)cantam, quais sereias que despertam ao acordar da maresia.
Sou livre, sou pássaro, sou onda, sou raio de sol embalado ao sabor das marés dos dias.