segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

A magia do Natal


 Desta vez,  seria uma noite de Natal diferente.

O avô Bernardo queria fazer uma surpresa aos netos. A casa

cheirava a canela e gengibre. Erva doce pairava no ar. 

Luzes e estrelinhas douradas e prateadas adornavam o ambiente. A árvore de Natal erguia-se, como que querendo furar o tecto e chegar ao céu.

As prendas, a pedirem para serem rapidamente abertas, os papéis quase a descolar de ansiedade.

À meia noite, avós, netos, filhos e pais reuniram-se à volta da árvore. Maria e João, os mais pequeninos, saltavam de alegria. Música de Natal, envolvia, encantando, o espaço. 

Toc, Toc - bateram à porta.

Olharam uns para os outros, espantados.

-Maria, vai abrir a porta! - disse o avô Bernardo, com ar comprometido.

A pequenita, de imediato, obedeceu ao avô.

-Quem será? A esta hora? No dia de Natal... - perguntavam todos.

Eis que o Pai Natal, gordo, enorme, barbas sem fim, tentava a custo entrar na casa, perante o

olhares arregalados. Trazia um saco às costas que só podia entrar de rojo e com ajuda de todos. 

As crianças ficaram de tal modo extasiadas, que, sem saber como, como por magia, num  piscar de olhos, treparam o abeto, o esqueleto da árvore de Natal. 

De repente, veem-se no telhado, a tocar as estrelas. 

Espreitam ainda pela chaminé. 

-Afinal, o pai Natal não desceu pela chaminé!  - diz João a Maria, ainda confuso. 

-Vamos depressa para baixo! Antes que ele se vá embora! 

Escorregam pela chaminé. 

Um colo aconchegante, gordo, macio, rodeado de cabelos brancos, como palhinhas da manjedoura do menino Jesus, esperava por eles, negros da fuligem. 






segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Amanheces em mim



Descanso nas sombras das árvores e sou neta dos raios de sol que me aquecem esta pedra fria, onde escondo as águas  de um algibe. Chovo, sou fonte  para os sequiosos. 

Verde, amanheces em mim, com a frescura da geada e nevas. Recolho-me nessa nívea ternura.

Ensolas as minhas profundezas em luz. 


Embrenho-me nas copas das árvores e desvaneço.

 Sou apenas  uma rocha dura e tensa, enegrecida pelo tempo. Não acordo nem adormeço, nem trovejo nem ilumino. 


segunda-feira, 9 de maio de 2022

És do mar e das estrelas


 Meu amor,

Sei que dormes no fundo do mar e habitas junto às estrelinhas.

Danças com os peixinhos e embalas-te ao sabor da música das estrelas.

O azul é o teu mundo e maravilhas-te quando encostas o teu dedinho na ponta da luzinha que brilha lá no alto.

Eles não sabem. Chiu!!! Não façam barulho! Podem acordar o azul onde moras!

E nós só queremos, tu e eu, ficar aqui no silêncio, embaladas pelo Universo que é Luz.

Tu és a luzinha mais brilhante da minha Vida. Deixa-me ficar aí contigo! 

Truz, truz! Posso entrar? 

sábado, 29 de janeiro de 2022

Memórias apagadas


 As noites despediram-se dos dias

As memórias deitaram-se no regaço da poesia e descansaram

Já esqueci os dias e as noites perduram nas folhas em branco que esqueci de escrever

Sei tanto do tudo e nada do nada

Agarro-me às cinzas do que sou para renascer um dia qual Fénix sem nome

Abraço a Fé e a Esperança ainda é um oásis no deserto a alcançar