sábado, 29 de dezembro de 2018
Florescendo
No asfalto árido da vida quis lançar suas pétalas ao Sol...
Fora semente, talvez transportada nas asas duma ave...
No escuro se prendeu, tentando estender o caule, suas veias palpitando, espalhando-se na vastidão do mundo que não era seu... Abraçou a vida...
...Sem saber como, irrompeu das trevas!...
Da escuridão nasceu a luz...vislumbrou a Vida!
Flor tão só, perdida naquele asfalto quente duma terra desconhecida!...
Que mistérios estariam à sua espera?
Estendeu as pétalas e lançou seu perfume no ar!...agora, era estrada, era luz, era perfume, era tudo...
Pois da profundidade das trevas surgira para renascer!
quinta-feira, 20 de dezembro de 2018
Quando o coração fala
Quando o coração fala,
a alma sente...
o amor que arde nas veias seca num fogo que nunca se extingue...
Somos corações ao vento
Sonhos de paragens distantes
Buscamos no mais fundo e rubro do coração o que fomos, o que somos, o que seremos...
Na busca incessante do sonho almejado...
O coração fala e fica cansado...
Se conseguisses sentir o seu ritmo que canção comporias?
Sublimarias o amor que ele nos diz baixinho...
domingo, 16 de dezembro de 2018
Deixa-me morar no teu beijo
Deixa-me morar no teu beijo
Refúgio dos meus fantasmas
Catarse dos meus sentidos
Caminho escolhido nos trilhos perdidos da vida
Sonho de muitos sonhos...
Deixa-me morar no teu beijo
E encontrar a paz, origem do nosso ser
Por entre os caminhos da vida, por entre os destinos inalcançados, futuros divididos, esfumando-se em poeira nas nuvens...
Perco-me no teu beijo para nunca mais me encontrar...
segunda-feira, 10 de dezembro de 2018
Ama-me
Ama-me...
Como o suspiro da onda quando toca a areia molhada...
Ama-me...
Deixa-te morrer nos meus braços e renascer na minha boca...
Ama-me...
Respira-me e adormece no meu olhar...
Ama-me...
Ilumina-me e reacende a chama adormecida...
Ama-me...
Deixa-te levar no calor do meu ventre, no fulgor do meu colo...
Ama-me...
Ressuscita-me e ressuscita-te...
Ama-me...
A luz do fogo que habita em nós nao mais se apagará...
Ama-me...
Seremos um do outro no respirar da eternidade...
terça-feira, 4 de dezembro de 2018
Na magia do teu olhar
Na luz da magia do teu olhar afogo as minhas lágrimas
Lágrimas que rolam e tocam na tua alma
Almas cansadas, almas sofridas, magoadas...
Nos teus olhos, laivos em ritmos de amor...aconchego do meu Ser!
Deixa que o teu olhar seja o meu mar...
Deixa-me mergulhar e aí ficar...
quinta-feira, 29 de novembro de 2018
Conversa com o coração
-Olá, sou o teu coração!
-Olá, querido coração, por onde tens andado?
- Perdido por aí, em busca de outros corações que sentissem como o meu...tentando guiar teus passos..
- Sempre te disse, para me seguires, mas essa tua teimosa massa cinzenta, sempre te contou historiazinhas de mentira... Por isso, às vezes me quebraste, pois, eu sou frágil, mas forte também...quebrei várias vezes, mas consegui juntar todos os pedaços, para voltar a bater, para que sentisses o meu pulsar...
Quantas vezes não me quiseste ouvir, apesar de eu, insistentemente, te sussurrar ao ouvido!...
Será que aprendeste as lições que te ensinei, quando não me escutaste, mas sim a essa terrível massa cinzenta?
Chegou a hora de ficares atento a cada batida que eu der, pois será essa o ritmo dos teus passos!...
domingo, 25 de novembro de 2018
Agarrada às palavras
Agarro-me às palavras...
Tentando sorver-lhes, espremer-lhes o suco das emoções que dormem, caladas, no peito...
Dizem-me, baixinho, as saudades de tempos idos que nunca aconteceram e tempos futuros que nunca virão...
Sabem todos os segredos, que residem, escondidos, nos cantos mais distantes do Ser...
Por isso, me agarro às palavras, tentando ouvir o que têm para me dizer...tanto e tão pouco!
No mistério permanecem...as palavras da alma jamais serão traduzidas na linguagem!...
Agarro-me às palavras e espero que me comuniquem o que ainda está entalado na garganta das emoções!
terça-feira, 20 de novembro de 2018
Cigana dos meus sonhos
Sou cigana dos meus sonhos,
Nómada de uma terra desconhecida e sem nome...
Vagueando perdida...
Tentando aprender os mesmos passos de dança, tentando soletrar as mesmas notas de música...
Mas sempre vadia dos sonhos, me esqueço quem sou...
Dos meus sonhos de cigana...apenas ficam fragmentos duma alma...
Quisera traçar um rumo, uma estrada que me levasse a mim própria...
Mas, nómada dos sonhos, me perdi de mim...
quarta-feira, 14 de novembro de 2018
Quem me guarda os meus fantasmas?
Quem me guarda os meus fantasmas?
Aonde dormem esses seres escondidos, com cheiro a mofo, bolorentos, carunchosos ...nos recônditos mais obscuros...
Pairam, moribundos, tentando a todo o custo agarrar-se às teias das sombras...
Tentam, desesperadamente salvar-se, alcançando a luz ténue que lhes ofusca os olhos...
Debaixo da poeira infértil das perguntas sem respostas, das questões inquestionáveis, insistem em amordaçar-se...
Jazem em cantos obscuros do inconsciente...tentam desesperadamente ressuscitar os seres moribundos que são...e como cadáveres, arrastam-se pela vida, esperando que um rasgo de amor lhes perpetue a existência...cegos, continuam tateando a penumbra, para vislumbrar o Sol...
Quem me arruma estes fantasmas que vivem debaixo de mim?
segunda-feira, 12 de novembro de 2018
Lá fora o amor, cá dentro a chuva
Lá fora o amor
Cá dentro a chuva cai...
E o amor quer entrar...
Sentar-se na beira da cama
Abraçar-nos...
Mas cá dentro a chuva cai...
Lá fora o amor...
Quer entrar...
Bate á porta...
E de mansinho toca o meu rosto molhado dos teus beijos...
A chuva que continua a cair cá dentro...
E o teu rosto, escondido atrás de um chapeu, reaparece por entre os pingos de chuva...
Que caiem cá dentro, no amor que teima em entrar ...sentar-se, talvez deitar-se conosco, na cama dos beijos...
quarta-feira, 7 de novembro de 2018
Toca-me
Toca-me...
Quero ser as teclas do teu piano...
As letras da tua música...
As notas da tua alma...
O som da tua voz...
O ardor do teu canto...
O ritmo do teu coração...
A cadência dos teus dias...
O desafinado das noites...
A harmonia do toque das cordas da tua viola...
Quero ser o eco da tua música ...
A tua canção de Amor na pauta reescrita por nós...
Toca-me ... e serei as teclas do teu piano...
sábado, 3 de novembro de 2018
(Re)encontro-me em ti
Encontro-me e reencontro-me em ti...
No calor da palma da tua mão
No ardor do teu beijo
Na luz do teu olhar
No arfar do teu desejo
No ritmo pulsante do coração
Vejo-me e revejo-me
Como um espelho, reflexo de mim...
Numa parede branca, numa página virgem do livro da vida...
Reencontro-me em ti
Para (re)escrever com tinta vermelha do amor a mais bela canção do mundo...
domingo, 28 de outubro de 2018
Dois mundos
Dois seres...dois mundos...
Um (re) encontro...
Dois mundos que se interceptam...
Uma tempestade de amor se gera no espaço...
E, como um furacão, tudo se agita no ar...
No tempo, no espaço de duas vidas...
um só mundo se forma...
Tudo o que foi, já não é...
Apenas existes tu...e eu...o Amor que somos!
sexta-feira, 26 de outubro de 2018
Abraça-me
Abraça-me!
Deixa que o teu peito seja a minha morada,
o meu refúgio,
que o tempo pare no bater do teu coração contra o meu...
Serás meu porto de abrigo nos dias tempestuosos da vida,
Serás meu lar quando lá fora estiver frio
Serás minha lareira para me aquecer em manhãs de Inverno
Abraça-me!
Deixa que o teu coração fale com o meu nessa linguagem que só eles entendem!
Serás tu, alma gémea, a serenidade dos dias...
A eterna ventura de um amor encontrado, após a desventura,
o abraço que me aconchegará para sempre...
Abraça-me!
sexta-feira, 19 de outubro de 2018
A minha morada é o coração
Escolhi morar num coração
Tem paredes de veludo vermelho
E uma musica ambiente quente e ritmada
Tem cheiro a caricias e abraços
E tem sabores de mel e ternura
Tem amor guardados em potes
e quadros de beijos desenhados no chão
Ressoam em ecos palavras doces
E a alma reluz e ecoa dentro do coração que pulsa em tons de vermelho rubro
segunda-feira, 8 de outubro de 2018
Menina-mulher
Menina ainda não conhecia a mulher, mas adivinhava-lhe o rosto, a expressão e o sorriso que ainda eram seus...
Mulher sorria, olhando a menina que fora, saudades no peito...
Queria voltar a ser como ela!
Como poderia voltar a correr e saltar, gargalhar e rir até cair no chão com dor de barriga?
Chamar-lhe-iam tola, ou zombariam dela, pois, agora mulher, deixara menina, assim triste, no esquecimento..
De mão dada, continuavam caminhando, indiferentes, passos decididos a não se deixarem nunca...
Menina-mulher seriam até ao fim dos dias!
domingo, 30 de setembro de 2018
Sabes onde moro?
Saberás tu onde habita o meu coração?
Sabes onde moro?
Em vão procuramos um pelo outro...
Perdeste-te numa vida vazia de ilusões...
Moro em ti e tu não sabes...
Só o vento poderá segredar-te ao ouvido aquilo que ainda não te disse...
Tenho tanto para te dizer, tanto para te dar...
Se ao menos soubesses onde moro...
Talvez viajasses, qual cavaleiro do tempo, para, enfim, me encontrares no abraço eterno...
terça-feira, 25 de setembro de 2018
Folhas secas
Folhas secas, cores quentes numa manhã que se despede do Verão, anunciando o Outono de uma vida...
Sentado no banco das esperas, no jardim amarelo-acastanhado, vermelho raiando, sentindo o estalar das folhas sob seus pés, reflectia...
Todas as recordações das Primaveras e Verões passados se misturavam naquela atmosfera quente de cores...
Agora, mais amadurecido,sonhava, com o Inverno quente à lareira, a lenha a crepitar no fogo ardente...promessas de um lar aconchegante, duma manta para embrulhar todas as lembranças, gato no colo e a solidão, ouvindo as gotas de chuva lá fora...
E a vida seguia ao ritmo das estações...hoje sentia o prazer de sentir as folhas secas sob seus pés...cores lindas dum Verão que passava!
segunda-feira, 24 de setembro de 2018
Sonhos desfeitos
Construi castelos de areia à beira do mar, mas logo, como sonhos desfeitos, se juntaram a ele em pequenos grãos de areia com sabor salgado das lágrimas que corriam pelo meu rosto...
Dentro dos castelos escrevi um nome, um nome desconhecido, talvez um principe num sonho de princesa...
Castelos de areia, construídos de ilusões...desfeitos em desilusões!
Mas, no meio desses grãos de areia que corriam para o mar, encontrei uma lágrima...que se transformou numa pérola brilhante e sorridente!
Disse-me a lágrima, reluzindo em cores de esperança:
- Junta todas as pedras que encontrares pelo caminho,reune todos esses grãos de areia que se transformarão em rochas e constrói um castelo- esse não mais será destruído!...
...Hoje escrevi o meu nome na areia da praia e prometi ao mar que nem ele com as suas ondas, ou mesmo um tsunami, poderia apagá-lo!...
Pois esse nome é Amor!
quarta-feira, 19 de setembro de 2018
(Des)construindo
Nos ilhéus esquecidos no fundo do Ser, ouvem-se o ribombar dos trovões, as tempestades vulcânicas, os tsunamis que inundam a alma...
Destroiem-se pedaços de mim, para se construirem de novo, no meio de fogos ardentes, cores vibrantes, prenúncios de um novo advir, esquecido algures num cantinho escuro da vida...
Balanço por entre sopros de ar tempestuosos da Vida...o meu Ser, pequenino e tímido, sente-se perdido, confundido...Em vão tenta não naufragar nesses ilhéus tempestuosos!...respira, vindo à tona da água e levita...
Já não sou mais eu...descontruo-me para me reconstruir.
sábado, 15 de setembro de 2018
Mal de amar
Mal de ser intenso
Mal de sentir demais
Mal de amar demais!...
Mal de dar o coração a quem não sabe amar...
Mal de amar e não ser amado...
Mal de um choro que morre calado numa alma cujo coração padece de dor...
Sofre e humedece...esfria e se esquece de si mesmo!
Eis uma alma perdida...
num mundo onde tanto se poderia dar e tanto receber!...
Mal de amar demais!
quarta-feira, 12 de setembro de 2018
Sonho de amor
O amor, cansado, deitou-se nos meus braços, e, esquecido de si, adormeceu...
Sonhou com os beijos quentes, os abraços ternos, as palavras em sussurros meigos...sonhou dois corações, dois seres, no calor de um sentir ardente...
... e o amor sorriu...
...e voltou a sonhar, esquecido de si, e, abandonado nos meus braços, morreu...
domingo, 9 de setembro de 2018
Caminhando por entre as sombras
Caminhando por entre as sombras,
desatando laços que me prendem à escuridão nos recantos sombrios de mim mesma...
Soltando dores e angústias, como se de partos se tratassem...
Percorro esses caminhos, trilhos obscuros de uma vida, tentando encontrar-me...
Talvez perdida me encontro numa esquina luminosa deste sonho que atravesso!...
sexta-feira, 7 de setembro de 2018
Quando o amor transborda
Quando o amor pulsa forte no coração e transborda pelos poros da pele...
Corre como um rio, cujo mar é um abraço desconhecido, esperando, algures, que o tinges de vermelho rubro...
E o coração salta e sofre, não traduz a linguagem incógnita que o transporta..
E fecha-se como se fosse uma concha...arrefece e fica amargo...humedece e estagna!
Mas reconhece...reconhece que só o amor fará viver esse coração triste e de novo transborda para esse mar longíquo e por desvendar...
quarta-feira, 5 de setembro de 2018
Abraço a tristeza
Abraço-te, tristeza...
Tu, companheira das horas de solidão,
Já não me limpas do rosto as lágrimas que secaram...
Abraço-te, irmã tristeza
Perco-me nos meandros dos teus caminhos...
Só, as mãos vazias, a alma dormente...
Abraço-te e a minha vida te entrego,
como peregrina duma vida da tristeza à alegria buscada, que se esconde em cada recanto escuro dum sonho...
segunda-feira, 3 de setembro de 2018
Espreito a lua
Espreito a lua espelhando o mar...Como queria nesse azul do teu olhar poder naufragar!...para me encontrar!
Mas a lua, com inveja, quis o mar só para ela...beijando-a, namorada desse eterno infinito azul...
E eu espretando-a...desejei deitar minha cabeça no teu ombro, adormecer e acordar num beijo, qual Cinderela assustada...
Espreito a lua espelhando o mar...As saudades vêm de longe, contam-me segredos aos ouvidos, cantos de sereias assustadas, perdidas nesse oceano imenso...
Deixa-me, lua, beijar teu mar para nesse sonho ficar para nunca mais acordar!
sexta-feira, 31 de agosto de 2018
Árvore, mãe do fruto
Pendurou-se numa folha, tentando a custo equilibrar-se ao vento...
Sentia que podia cair a qualquer momento e estatalar-se no chão, desventrando-se, caroço, seu coração, desfeito no chão...arrepiou-se! A sua casca ainda verde, sentiu um arrepio que lhe atravessou o suco e a polpa toda!
Pendurou-se noutra folha mais alta, tentou agarrar-se a um ramo que por força do vento, lhe queria fugir...
E, oops...lá estava ele naquele ramo, filho daquela mãe árvore possante e majestosa, poderosa perante as intempéries, forte, como só uma mãe pode ser...
Tinham-lhe contado que o fruto probido era o mais apetecido...
Talvez que chegando lá ao alto, tão longe que as mãos dos humanos não pudessem alcançar, pudesse sentir que seria apetecido, mas nunca deglutido...
Subiu mais um pouco e, no último ramo, sentou-se, sorrindo à brisa do vento que lhe assobiava ao ouvido, acenando aos pássaros que por ali voavam, tentando dar-lhe uma trincada...
Agora podia embalar-se no colo daquela mãe forte, aquela árvore que o acarinhava...sentia-se seguro!
E só sairia dali quando a idade não o permitisse mais equilibrar naquele ramo! O Sol, amadurecia-lhe as costas e o ventre! Que bem se estava ali naquele imenso paraíso verde!
quarta-feira, 29 de agosto de 2018
Caminhando sobre castelos de areia
Caminhava só, a passos largos, na areia de praia, junto ao mar...
Cada grão de areia...pensamento correndo mais veloz que os pés...
Porque estava ali? Quais os designios misteriosos duma vida que percorria sózinha?
Porque se tinham desfeito tantos sonhos, tantos castelos de areia construídos na areia daquela praia?
Porque caminhava para lado nenhum? Que porto distante ainda a esperaria?
Sentou-se...olhou as crianças à volta...como eram felizes, nada questinando!
Como são felizes os simples que nada questionam sobre a vida?
Continuou caminhando para lado nenhum, cada grão de areia, cada pensamento vadio...
domingo, 26 de agosto de 2018
A menina esquecida
Recorda-me o cantarolar do galo logo pela manhã, os pássaros tocando na janela com seu chilrear, o cheiro do leite acabado de sair da vaquinha, o café feito pela avó no borralho, o pão escuro e grosseiro pronto na mesa para saciar a vida de um dia...As caminhadas a pé para a escola em manhãs de Inverno, enfiada em roupas de lã...
Recorda-me as fontes de água onde com a avó, ajudava a lavar a roupa, o cântaro de barro de água fresca a cantarolar, onde mergulhávamos um púcaro para refrescarmos...Recorda-me o cheiro do pão e da broa acabados de sair do forno...
Recorda-me os pic nics em dias da Ascensão, quando colhiamos papoilas e faziamos um ramalhete...
Recorda-me as desfolhadas na eira, na esperança de encontrar o maçaroca de milho vermelho.
Recorda-me as brincadeiras na rua, quando os nossos brinquedos poderiam ser uma simples pedra ou uma simples flor ou erva daninha...Recorda-me como era o jogo da macaca, a cabra-cega, andar de triciclo pela rua...
Recorda-me quando corria sem destino pelos campos com o meu cãozinho...a liberdade como companhia!
Recorda-me o cheiro dos pinheiros, a paz do verde circundante...
Recorda-me a ida à missa aos domingos com a avó, cheirosas e bem vestidas como se de uma cerimónia se tratasse...
Recorda-me os cheiros, sabores, sons e cores da infância...e serei de novo menina, criança!
sexta-feira, 24 de agosto de 2018
SURREAL
Gravitam os sonhos, perdidos, refugiam-se nas paredes ocas e surdas do quarto...
Choros de crianças regurgitadas pelos poros dos murais já sem vida, sucumbindo...
Doces e amargos sabores de lembranças remotas entranham-se na humidade da noite, e o frio é acolhido num leito quente da espera...
Rodopiam e giram os sonhos por entre dedadas loucas e palmas das mãos que os tentam segurar...
Em vão...
nuvens de fogo dissipam-nos...
e agora...pairou apenas o pássaro de fogo sobre os corpos, latejando de dores!
quarta-feira, 22 de agosto de 2018
Entre o sonho e a realidade
Viviamos em mundos diferentes...
Um dia tocaste o meu mundo com a ponta do teu dedo...
um arrepio percorreu-me a pele...
uma nuvem azul feita de magia e fantasia pairou sobre nós...
e num beijo, entrelaçámos as mãos...
Mas tu habitavas um castelo com portas intransponíveis e eu morava numa masmorra...
...uma lágrima rolou sobre o meu rosto e foi poisar na tua mão cujos dedos se esqueceram de mim...
Entre o sonho e a realidade, restou a lembrança de uma tarde de verão num castelo onde tu és o princípe, eu a princesa de todos os contos...onde o amor seria o rei das nossas vidas...se um dia o teu mundo se abrisse para o meu...
segunda-feira, 20 de agosto de 2018
Deixa o coração ditar as palavras
Deixa o coração ditar as palvras presas na garganta, soltá-las ao vento...
Engasgadas nas veias rubras da vida, desencontradas nas encruzilhadas...
Perderam-se no livro da vida...
Numa página em branco, esboçaram um sorriso de esperança, tingido em tons de verde...
Coração mudo de dor, surdo de saudade,
onde deixaste ficar para secar, as palavras doces do amor?
A liberdade espera-te, ainda, para acordares um dia nos braços do mar e te diluires nesse infinito azul celeste!
segunda-feira, 6 de agosto de 2018
Rendo-me a ti, Vida
Rendo-me a ti, Vida
com teus designios insondáveis,
com teus caminhos por desbravar
com todas aquelas questões tão inquestionáveis...
És perfeita e esplendorosa, Vida, com todas as tuas ilusórias imperfeições!
Te venero, Vida, em todas as tuas formas, em todas as tuas faces...
Pulsa em mim, e deixa-me adivinhar os teus segredos!
Rendo-me a ti, Vida!
sexta-feira, 27 de julho de 2018
Deixa acordar teu coração
Deixa acordar teu coração mudo de dor,
anestesiado pelas feridas do tempo!...
Deixa pulsar teu coração, adormecido nos sonhos dos anjos!...
Deixa pousar teu peito no meu e sentir o ritmo da musica que só dois corações desencontrados podem
tocar quando se encontram!
Deixa bater teu coração ao ritmo do meu!...
terça-feira, 24 de julho de 2018
Esculpindo-te
Nos meus sonhos esculpi tua alma...
Com minhas mãos toquei teu corpo como sombra dos meus dedos
Com meus olhos prescutei teu ser...
Na sede da minha boca refugiei minha sede...
Num abraço de almas, fiquei...
Doce e eterna magia dum encontro escrito nas estrelas!
segunda-feira, 16 de julho de 2018
Pequenina demais para um mundo tão grande
Sentia-se pequenina demais naquele mundo tão grande!...
Perdida, encontrou um coelho no meio da floresta.
Perguntou-lhe:
- Por onde vou, coelho?
-Isso depende muito para onde queres ir, menina!
- Não me importo muito para onde, coelho.
- Então, não importa muito o caminho que você escolha, desde que vá dar a algum lugar!
Você vai chegar lá se caminhar bastante - retorquiu o coelho.
Olha, estamos numa floresta de loucos...se você não fosse louca, não estaria aqui!
Pôs-se a caminho, sem saber bem para onde seguir.
Mais à frente, encontrou um grande buraco no chão no meio da floresta. Espreitou...a curiosidade era mais forte!...
Súbitamente, sentiu-se engolida por aquele buraco gigante...e ficou ainda mais pequenina!
Lá dentro, tudo à sua volta era gigante!
Queria ser grande, maior, e poder ver o mundo por uns olhos maiores!...
quinta-feira, 12 de julho de 2018
No escuro do sonho
Soou as doze badaladas...
Agora dormes, qual criança cansada,
no escuro, embalado por coros dos anjos que te rodeiam,
sentam-se a teu lado, mas não os vês...
E sonhas...sonhas muito...
Será que habito esse sonho longíquo onde me largaste algures no tempo...?
Será que ainda moro, distante, tão perto dos teus sonhos?
Será que podemos construir esse sonho?
sábado, 7 de julho de 2018
Sonho-te
Sonho-te
quando queria ser um sonho teu...
Sonho-te num corpo que não conheço
numa alma que perscuto
Serei teu sonho?
Onde mora o teu corpo e por onde anda tua alma perdida de mim?
Sonho-te
Será que me sonhas?
Morrerei talvez nesse teu sonho que não conheço...
Morrerás no meu sonho?
sexta-feira, 6 de julho de 2018
Historias inacabadas
Sou feita de historias inacabadas,
amores imperfeitos,
sonhos desfeitos,
ilusões, desilusões...
amores, desamores..
Sou feita de tudo, feita de nada...
Sou feita do Mundo que mora dentro de mim e nunca me deixa...
Sou feita de Amor e de braços abertos acolho a Vida!
Sou uma história inacabada...
terça-feira, 3 de julho de 2018
Loba solitária
Loba solitária... - sussurram à sua passagem.
E ela passa, por entre os casais que se beijam, as familias inteiras que caminham para a praia, ouvem-se conversas banais, risos e olhares...e ela caminha, solitária...
Eles não sabem que ela leva consigo uma mala cheia de tudo...
Vários mundos no seu mundo e uma bagagem de sonhos...
Outros mundos, outras vidas, pairam no olhar de cada gente que passa, alheios...
Não sabem que o que ela leva é um saco cheio de Amor, uma sacola de esperança e tanto para oferecer ...
Os sonhos continuam lá no fundo da bagagem à espera de serem resgastados...talvez num dia de Sol inesperado!
E qual loba solitária, continua, no seu caminho...
quinta-feira, 28 de junho de 2018
Grande Avatar
Ah, grande Avatar que habitas em mim!
Não me deixes esquecer que a tua casa é o meu habitáculo!
Permite que eu assume o teu poder e vença todos os desafios!
Ah, grande Avatar que habitas em mim!
Sê minha coragem, sê minha força, sê minha perseverança!
Não me deixes desistir de ti, grande Avatar!
Luta comigo até ao fim, sem medos!
O nosso escudo será o Amor, a nossa espada será um sabre de Luz!
domingo, 17 de junho de 2018
Menina-mulher
Estava ali...menina num corpo de mulher...
Não se lembrava já como tinha vindo ali parar!...
Agora vestia um corpo demasiado largo para ela, tão pequenina e desajustada àquele vestido de adulta que a obrigaram a usar, àqueles sapatos largos, demasiado apertados para os seus pés viajantes...
Ainda queria vestir a sua alma de criança de tamanho pequeno, ainda queria saltar, brincar, correr, rir, chorar, espreguiçar-se e gargalhar...ainda se queria sentar na beira do caminho para observar e contar as formiguinhas, correndo, alheias a tudo... ainda queria correr pelos campos sem parar...
...Mas agora estava ali, sentindo-se apertada num vestido de senhora, largo demais para ela, apertado demais para os seus sonhos...
sábado, 16 de junho de 2018
Está muito frio la fora para os anjos voarem
Está muito frio lá fora para os anjos voarem!...
Deixem-nos ficar aqui dentro, sossegadinhos, a fazerem-me companhia!...
Talvez uma pena das suas asas voe e vá acariciar lá fora o rosto de alguém que passa e que se sente assim, sozinho...
Mas agora, quero que o calor e a macieza das suas asas me abracem e me deixem ficar aqui, ao seu colo, quietinha, adormecendo a alma...
Quando acordar deste sonho, talvez já tenham saído, devagarinho, asinha ante asinha, sem eu ter visto...
Talvez agora embalem outra criança sozinha e triste noutro canto da vida, numa sala vazia, enchendo-a de Amor...
sexta-feira, 15 de junho de 2018
A minha oração da serenidade
Que o meu coração se mantenha sereno perante as tempestades da vida!
Que meus olhos da alma sempre consigam ver bondade quando apenas existir ódio e caos à minha volta!
Que as pequenas e simples coisas da vida sejam sempre o meu arauto!
Que a natureza seja a minha casa e a minha casa o meu refugio de paz!
Que o riso seja o meu cântico diário e as minhas lágrimas a limpeza da minha alma!
Que o abraço apertado e terno seja o meu gesto mais amoroso!
Que possa abraçar o Mundo só pelo pensamento!
Que os meus pensamentos sejam os do coração!
Que o Sol e o Vento sempre me tragam as mensagens do Além!
Que sempre seja grata pelas coisas da minha vida,por mais pequenas que sejam!
Que sempre tenha uma palavra de gentileza, quando a minha alma chora e as palavras secaram na garganta!
Que sempre possa estender a mão e ajudar o próximo!
Que o amor nunca se extinga em mim!
Que o perdão e a tolerância sejam sempre os guias da minha vida!
Que sempre conserve a minha criança em mim!
Que a minha criatividade, sonho e imaginação sejam uma constante!
Que a saúde e a força do meu corpo e mente sempre acompanhem a missão do meu espirito!
Que a força da fé e da esperança sempre iluminem o meu dia!
quarta-feira, 13 de junho de 2018
Gaivota perdida
Gaivota perdida
à procura do seu mar para se encontrar...
No azul infinito se perdeu, buscando o oceano...
Quer espraiar-se nesse mar...
Quer ser azul, quer ser ar, quer ser paz e nas ondas ondular...
Para cá e para lá...
para lá e para cá...
e deixar-se embalar...
criança ser nos braços de Deus e adormecer, sonhando no azul etéreo...
segunda-feira, 11 de junho de 2018
Fui tudo
Fui tudo...
terra, fogo, água e ar...para te tocar...
restou a água das minhas lágrimas...
a terra árida para me deitar...
o fogo apagado por incendiar...
o ar quente e frio para te abraçar ao longe...
e eu?.. resta-me apenas sonhar...
e na esperança te alcançar...
talvez apenas uma miragem, uma imagem projectada no coração, uma fantasia de criança...
domingo, 3 de junho de 2018
Ilusão
Triste agridoce ilusão de sentires os poros da minha pele
de sentires o ar que respiro
de tocares no meu mundo bem no fundo do meu peito
de amares o amor e quereres ficar...
Triste ilusão a minha!...
Que recordes uma vida que ficou lá longe quando éramos amantes ardentes, caminhantes sem nome numa terra quente e vibrante...lá longe, ficou apenas a nossa foto...perdida naquela que foi a minha triste ilusão, agridoce ilusão...
sábado, 2 de junho de 2018
Águas vivas
Nasces das águas orgásmicas
Nas águas vives
Elixires eternos que purificas com a tua essência
Águas revoltas ou águas serenas
Dentro de ti, correm, como rios
Tu és água que apaga o fogo
Tu és água que dança e se agita
Águas dançantes em vibrações frenéticas...
Do útero aquoso surges, sob as chuvas do céu danças, ás águas das estrelas voltarás...
sexta-feira, 1 de junho de 2018
Para onde corres?
Para onde corres? Se o caminho que atravessas és tu mesmo!...
Partes de ti, sem saberes que é a ti que procuras!
Buscas em vão, o que esqueceste de ti, pedaços de ti ficaram pelo caminho...
Agora tens pressa...e não sabes de quê!
Deixaste a tua criança para trás, esquecida...
Sonhaste ser grande, tiveste pressa...
Agora corres e já não sabes para onde...Perdeste-te nesses caminhos tortuosos que te indicaram!
Pára!
Reconhece que és tu, a tua criança esquecida, que procuras, nessa ansiedade desvairada, nessa procura constante do que nem sabes o quê!...
quarta-feira, 30 de maio de 2018
Secaste em mim
Secaste em mim como uma folha que seca no Outono depois de ter sido flor de Primavera...
Secaste em mim todas as lágrimas que trazia e nos meus olhos
Secaste em mim como um rio que seca depois de ter passado por todas as intempéries
Secaste em mim o tempo da esperança, o tempo do amor, o tempo da vida...
Agora o que resta de mim é apenas a sombra daquela que fui, um fantasma nos teus sonhos,
uma borboleta perdida e só num jardim onde não pertenço...
Secaste em mim, agora, dormente, anestesiada, sigo, sonâmbula, pela estrada da vida...sem dor, sem amor, apenas uma réstea de mim própria...
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