sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Árvore, mãe do fruto



Pendurou-se numa folha, tentando a custo equilibrar-se ao vento...
Sentia que podia cair a qualquer momento e estatalar-se no chão, desventrando-se, caroço, seu coração, desfeito no chão...arrepiou-se! A sua casca ainda verde, sentiu um arrepio que lhe atravessou o suco e a polpa toda!
Pendurou-se noutra folha mais alta, tentou agarrar-se a um ramo que por força do vento, lhe queria fugir...
E, oops...lá estava ele naquele ramo, filho daquela mãe árvore possante e majestosa, poderosa perante as intempéries, forte, como só uma mãe pode ser...
Tinham-lhe contado que o fruto probido era o mais apetecido...
Talvez que chegando lá ao alto, tão longe que as mãos dos humanos não pudessem alcançar, pudesse sentir que seria apetecido, mas nunca deglutido...
Subiu mais um pouco e, no último ramo, sentou-se, sorrindo à brisa do vento que lhe assobiava ao ouvido, acenando aos pássaros que por ali voavam, tentando dar-lhe uma trincada...
Agora podia embalar-se no colo daquela mãe forte, aquela árvore que o acarinhava...sentia-se seguro!
E só sairia dali quando a idade não o permitisse mais equilibrar naquele ramo! O Sol, amadurecia-lhe as costas e o ventre! Que bem se estava ali naquele imenso paraíso verde!

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