quarta-feira, 21 de abril de 2021

Sim


 

Sim

Espero ansiosamente esta palavra. há anos . alargo o passo, mas não consigo acompanhar a minha vontade.

o anel de ouro e diamantes  cintila no bolso do casaco, escolhido para adornar o dedo da minha princesa.

há dois anos que não a vejo! dois anos que parecem duas eternidades!

recordo, como se fosse hoje, da primeira vez que a vi, sentada naquele banco do jardim. pensei que estava a ter uma visão. uma flor, no meio das flores.

Olhámo-nos e reconhecemo-nos logo.  saudades de algo distante e misterioso.

(há quanto tempo não te via! as nossas almas entrelaçaram-se naquele momento.)

ambos fulminados pelos raios ardentes duma paixão inexplicável!

naquele mesmo banco, jurámos amor eterno.

seguiram-se dias e noites de paixão interminável. o sonho realizado. esquecemos que existia tempo, alheados deste mundo.

passaram dois anos. sonhei com ela todas as noites.

a vida obrigara-me à ausência.

mensagens apaixonadas, telefonemas sucessivos para acalentar a dor. a voz dela um poema para os meus ouvidos.

sinto ainda os  lábios carnudos nos meus, os beijos quentes escaldantes, o cheiro a perfume, misto de doce e floral, a sua pele de veludo, as suas mãos macias, o calor do seu corpo escultural diluindo-se no meu.  o coração dispara.

tremo de ansiedade enquanto me aproximo do nosso, (só nosso) banco de jardim. o coração quase me salta do peito.

no meio das flores, naquele mesmo banco onde nos encontrámos e depois nos despedimos, salta-me à vista um vestido vermelho, um decote sexy, adivinhando o seu peito voluptuoso. Um rosto, de sorriso único e deslumbrante, rodeado por um cabelo da cor do sol. uma visão! é ela em carne e osso, o ser mais belo do mundo!

sem fôlego, aproximo-me do seu ouvido:

- Marta, ainda queres casar comigo?

a resposta, o êxtase:

- Sim!






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