Anda comigo ver o pôr do sol!

Vem comigo ver o pôr do sol!
Há quanto tempo não me pegas pela mão,
me levas até à beira mar, me beijas os cabelos de maresia?...
Sentados, ouvindo a música das sereias, as cores rubras  de um pôr do sol que nos aquece o coração...
Há quanto tempo não me levas a ver o pôr do sol?
Tenho saudades dos sonhos não vividos!
Tenho saudades da vida, sentada à nossa espera numa qualquer rocha da praia...
Tenho saudades da canção do alvorecer e das cores do pôr do sol!
Leva-me a ver o pôr do sol...os búzios já se recolheram nas suas casas feitas de areia, as conchas fecharam-se...
Em breve, cairá o último pôr do sol!...
Serei apenas cinza de um livro que não escrevi...serás musica inacabada nas teclas de um piano...
Vem comigo ver o pôr do sol...antes do último sopro e cair da noite!

Lava-me a alma

Lava-me a alma lava da chuva!
Sangue, suor e lágrimas dissipam-se nas gotas de água que caiem do céu...
Dedos divinos que lavam o ser de alguém que se perde perante tanta grandiosidade!...
e na sua pequenez se encontra!
Pés deabulantes no lodo do mundo... alma que exalta a serenidade...
Será paz após a tormenta da tempestade!
Lava-me a alma lava da chuva !...

O meu sonho

O meu sonho é uma árvore que mora dentro de mim...
Tem ramos que crescem como braços que se elevam ao céu e raízes que mergulham  no mais ínfimo do ser...
Pássaros que poisam nos ramos, como desejos efémeros...
Estações que ora brotam em flores, ora em folhas verdes, ora em secas...como as estações do ano...
E o sonho, como uma árvore, continua submerso dentro de mim...estende seus ramos para abraçar o mundo...mas logo os recolhe, impotente perante as ondas do mar revolto...
Sonho o sonho não vivido...

Sei

Sei!... e esqueci tanto!...
Sei de um mar e céus dentro de mim...
Sei das aves que partiram no tempo...
Das folhas amarelecidas por escrever...
Esqueci-me de mim...
E sei...sei tanto!...
Sei do amor, sei dos risos de crianças em botões de gargalhadas na Primavera...
Sei da solidão, do vazio e frio das noites de Inverno...
Sei tanto de mim...e esqueci tanto!
Sei dos abraços, dos beijos, eternos aliados do carinho, junto à lareira...
Sei da tristeza, sei da alegria...
E esqueci tanto!...
Que sei eu de mim, agora?
Eterna criança, adormecida à espera de acordar para um novo dia...

Na tempestade da vida

No meio da tempestade da vida...
Sou arco-irís no meio da chuva...
Sou lágrima que se mistura no turbilhão da água que cai do céu...
Sou sorriso num raio de sol fugidio...
Sou relâmpago em noites de breu...
Sou vento que traz as memórias perdidas no tempo...
Sou barquinho de papel no mar agitado das ondas...
Sou alma que anda perdida para se salvar, encontrar...
nas tempestades da vida...

Momento

Num momento, uma gota de água da chuva...
Num momento se nasce
Num momento se morre
Num momento um arco-íris de esperança
Num momento uma memória que se desvanece no ar
Num momento uma folha de outono que voa no ar
Num momento uma lágrima de tudo e nada
Num momento toda a paz, todo o silêncio
Num momento um olhar, uma palavra de amor...
e num momento todos os momentos de uma vida
...uma benção...uma dádiva...um renascer de cada momento...
Uma flor que desabrocha...um bater de coração que quer dizer VIDA!

Já quase...

Já quase morri em mim...e renasci de novo!
Já quase virei pó por esses asfaltos da vida...e me reencontrei numa estrela!
Já quase me desfiz em cinzas...e renasci!
Já quase me perdi...e me encontrei!
Já quase não era mais eu...e toquei a minha essencia!
Já quase adormeci...e acordei de novo!
Já quase sonhei ser outra...e me reinventei!
Já quase me afoguei no mar das desilusões...e acordei do meu sonho!
Já quase deixei de ser eu...e retirei as máscaras sufocantes!
Já quase deixei de saber quem sou...
...mas bastou, num minuto de silêncio, que as tuas asas tocassem as minhas para acordar do abismo onde havia caído!
Já quase não era eu para voltar a ser Eu outra vez!

Na pauta e rima da vida

Ela tocava piano, chorando ou sorrindo, conforme a pauta da vida...
Ele escrevia poesia...chorava e ria, seguindo a rima do tempo...
Nas notas da vida encontravam o ritmo, a música, o poema que só suas almas orquestravam...
Ela ditava-lhe as rimas que ele já sabia mas que esquecera nas memórias de um tempo...
Ele sabia todas as notas que sua poesia imprimia nas folhas brancas e virgens de um livro a dois...
Poesia e música num livro e pauta em harmonia, lançando sons e letras num mundo  só dos dois...
Pedaços de vida em folhas soltas de pautas e rascunhos de letras sem sentido!...
Harmonia entre dois mundos que se reencontram algures entre uma   música e um poema!

Lágrima

E...naquele fim de tarde de Outono, quando o sol, envergonhado, se escondia para encerrar mais um ciclo de vida... estava, ali, sentada frente ao mar, e, uma lágrima rolou, teimosa...desfez-se numa onda pequenina que por ali passava, indiferente...


...Há milhares de anos que não se encontravam...

Quis o destino que um dia, após vidas e vidas de solidão, a sua lágrima, a lágrima teimosa que um dia lhe rolara pelo rosto até ao mar, se encontrasse com a dela...
Tinham percorrido oceanos para se encontrarem...procuraram-se, em vão, nos grãos de areia que dormiam na praia ao luar, no som dos búzios que à noite acordavam os minúsculos habitantes do mar, nas rochas duras, mudas na sua quietude e indiferentes a tudo...em vão...quase se solidificaram de tanta espera!

As ondas, essas, não se esqueceram...que tudo vai e volta...

...Um dia, depois de muito tempo...duas lágrimas se uniram num grande oceano...
Tinham cruzado muitos mares, muitas águas turvas, outras límpidas, muitas tormentas, muitas tempestades...

Agora as duas lágrimas formavam um oceano imenso...de amor!

Passageiro da vida

Serei passageiro fortuito num mundo virtual, peça à mercê de um jogador incógnito?
Serei criador e actor desta passagem em cena deste teatro chamado vida?
Ou serei apenas marioneta, conduzida por fios invisíveis?
Serei cocriador deste mundo onde me perco?
Será que entre a loucura e a sanidade, existe algo que me faça vislumbrar a realidade?
Ou será que esta é um mero ponto, algures escondido num recôndito de mim à espera de ser descoberta para se revelar?
Será que tudo não passa de um sonho?
Nesse sonho de Deus eu habito à espera de um dia acordar deste sono profundo em que me encontro...
Entre a realidade e o sonho...
Sou apenas EU ao meu reencontro...

Sonhos

Sonhos ao vento que se desfazem  em nuvens de algodão doce...
Doces ilusões de quem vive num mundo de caricias imaginárias...
Balões que rebentam no ar, ternos desejos de asas sobrevoando o imaginário...
Realidades paralelas...
Abraços dos sonhos...
Sonos e despertares, em rodopios no tempo...
Poemas de quem quer agarrar a vida nas mãos como bola colorida nas mãos de uma criança...

E...deixo-me levar em nuvens de sonho, feitas de algodão doce!...

Foges

Foges...
De que foges?
De ti mesma... dos teus medos, dos teus fantasmas que dormem dentro das cavernas escuras e putrefactas do teu ser...
Deixa-os morrer pasmados sob o teu silêncio, sob a indiferença da tua coragem, da tua ousadia perante todas as tempestades...
Não fiques quieta, dançando nesse conforto desconfortável na poltrona das memórias falsas e velhas...
Foge...Corre, corre muito e alcança-te!

Renova-te

Renova-te...
Reinicia-te...
Recomeça a cada dia...
Cada dia é um novo dia...
O primeiro do resto da tua vida...
Restarão apenas momentos...
Um nascer  e um pôr do sol...
Um morrer e um renascer ...
Botão de flor a abrir...
Lagarta em borboleta...
Num minuto, num segundo tudo se poderá transformar...
O renascer de uma alma nova...
O amor triunfará!

Alma de pássaro

... E a pequena alma sorriu para a vida, pegou-lhe na mão e disse:
- Querida Vida, deixa-me guiar-te pelos caminhos que tracei para ti...
Tu não te recordas dos meus designios, querida Vida, mas se te deixares levar por mim, serás feliz...
Flui nos meus braços, sente e ouve o que o coração, que palpita e vive em nós, nos diz...e segue, segue sem medos...
Segue por estes caminhos sem medo, com coragem, com amor...
Segue o bater do teu coração...
Segue, como as estrelas seguem no firmamento...
Segue, como as ondas do mar...
Adormece nos braços da Lua, acorda nos braços do sol, e sorri, sorri sempre...
Porque eu, alma, não te abandono nunca!
Sou alma de pássaro livre que todos os dias abre mais uma página, para que  leias, querida Vida, e aprendas as lições que trago para ti...
...E a pequena Vida, sorrindo, deixou-se levar no colo da alma...

Deslumbramento

Deslumbrada por esta vida que nasce no parto de cada dia que amanhece...
Deslumbrada pelos raios de sol que aquecem a alma, palpitando rubro nas veias...
Deslumbrada por cada folha de árvore que se baloiça ao vento, por cada cantar de pássaro que voa bem alto...
Tenho asas e não consigo voar!...
Mas voo em pensamentos, livre como uma nuvem ou uma ave...
Tento em vão desgastar os sonhos do deslumbramento, esse companheiro fiel...
Deslumbrada sempre pelas coisas simples e belas da vida...pequenos momentos de felicidade que me fazem renascer cada dia!

Frágil

Sinto a fragilidade da vida a correr-me nas veias...
Galáxias de luz que me percorrem o ser...
Ondas estonteantes em marés imprevisíveis...
Tento agarrar-me nas margens desse rio imprevisível da vida...
Sonhos se desfazem como castelos de areia na praia...
Novos castelos se constroiem...
Reconstruo-me, renovo-ne em cada amanhecer  nesse caudal que corre célere para o mar de todos os desejos...
Frágil me sinto forte, remando poderosamente contra as correntes contrárias!...
Botões de rosa que se abrem num coração rubro de paixão!

Reescrever-me

Moro na quietude da minha inquietude...
Apetece-me reescrever-me!
Mas minha alma habita numas asas partidas...
Vivo na caverna dos sonhos...
Vislumbro uma luz ao fundo do túnel que não consigo alcançar...
Alma inquieta numa alma quieta...
Não pertenço aqui...quero voar! Mas onde encontrar minhas asas partidas, meus sonhos por realizar?
Apenas encontro refúgio no calor do teu beijo!

Somos poeira das estrelas

Somos poeira das estrelas
Dançando ao som dos planetas
Perdidos no Universo
Somos luzes, ofuscados pelo brilho do sol
À sombra da lua dormimos
Nos grãos da areia da praia, nos perdemos
E à imensidão do colo de Deus regressamos
Viajantes das estrelas, eternos companheiros das galáxias...

Semi-deuses

Somos semi-deuses
Dançando semi-nus sobre nós mesmo na roda da vida...
Seremos passatempo dos deuses
Ou deuses dançando num passatempo eterno?...
Talvez tudo, talvez coisa nenhuma...
Talvez sejamos apenas uma pequena particula, lançada no oceano infinito...
E a nossa dança continuará por entre sóis, estrelas e astros...até ao regresso à Fonte da Vida!

Canção à vida

Canto-te Vida num poema  inacabado,
 música que meus ouvidos ainda surdos escutam nos meandros da pauta do tempo...
Vida, poesia sem rimas
Estrofes encadeadas na perfeição duma aparente imperfeição...
Passado, presente e futuro cujas melodias se entrelaçam e dançam ao sabor do fluir dessa música...
Sinto em mim o pulsar dum coração timido e sobressaltado a cada mudança de tom que imprimes!
Distantes ficam os poemas que fiz para ti atrás nos anos...
Continuas Vida, dentro das várias vidas que vivi!Continuas no sonho que construí, nesse poema e música que construo a cada dia!Rima em mim a harmonia almejada!

Vida,  agradeço essa canção nesse poema sem fim !...

A tua morada em mim

E quando a noite caía, negra como breu, o escuro devastava e a solidão acendia o nó na garganta  corroído pelo tempo do desespero...vinhas. Eu não te via...mas aproximaste-te docemente, devagarinho, como quem tem medo de tropeçar e cair...e fizeste de mim a tua morada!
Desarrumaste, desalinhaste a minha vida e eu, trémula ainda, gostei que fizesses de mim a tua casa, sem pedir licença!..

Na minha morada,que é a tua ,habitam agora dois corações acesos em chamas e labaredas de amor, onde o sonho ainda perdura, como se fossemos duas crianças que brincam sem passado, àmanhã nem futuro...
Num tempo que parou, ficou o teu peito o meu peito em ninhos de paz e ternura doces...

Obra de arte

Um dia vamos fazer uma obra de arte...
Pedaços de ti e de mim, pincelados numa tela branca na parede de uma vida dessas quaisquer...
Seremos música e letra de uma canção que só nós poderemos ouvir, genialidades desconhecidas dentro de nós mesmos...
...Ou seremos apenas pinturas vivas de uma vida passageira num mundo que construimos...

...Seremos talvez anjos sem sexo e sem asas, sobrevoando os meandros de duas almas perdidas no tempo...

...Ou eternos deuses imortalizados numa obra de arte para sempre inacabada...

Há música nos teus cabelos

Sopram anjos nos caracóis dos teus cabelos...
Cantos celestiais percorrem-te o corpo até à ponta dos teus dedos...
Dedos músicos, dedilhando ao piano melodias de amor, que só almas ardentes entendem...
E as notas de música poisam levemente nos caracóis do teu cabelo...
Não ouves, não sabes...a força que te inspira a subir muito alto, pendurado nas asas de um anjo que te canta ao ouvido... até aos teus dedos, vibrando nas teclas de um piano...fluindo como a seiva da vida...

Divagações

Estou aqui
Sons, cores, sentires...rodeando o meu ser...
Divagações da alma...
Sonhos que sei de cor...
Pôr do sol de sentimentos sem fim...
Ternura de esperas sem sentido...
Num banco cuja paisagem tento vislumbrar no refúgio da minha alma cansada...
Prenuncios de Verão em gritos de andorinhas que viajam para longe, procurando novos horizontes...para onde as minhas divagações me levam...

Num conto de fadas

Gostaria de morar num conto de fadas...
Seria princesa adormecida e no meu sonho habitariam todas as histórias de encantar...
Cinderela, Branca de Neve ou a Pocahontas, a sereia Ariel, a Rapunzel ou a Sininho tudo o que, adormecida, sonhasse ...
Tal Carochinha à espera do João Ratão ou Cinderela à espera do seu principe, moraria nessa casinha dos sonhos...

...Mas eis que um dia, o encanto quebrou-se... os principes transformavam-se em sapos, depois de um beijo...
Voltava a adormecer, triste e sem esperança...e a sonhar...
De repente, eis que surge um Principe, montado num cavalo branco...ainda dormia, mas sentiu as suas mãos tocarem ao de leve nas dela e, debruçando-se sobre ela, eis que lhe dá um longo e terno beijo...
Acordou...
Agora iria viver o seu conto de fadas com o principe, felizes para sempre...até que todos os contos de fada acabassem...

Bom dia Vida!

- Bom dia, Vida! - disse, espreguiçando-se ainda sobre as almofadas...
Um raio de sol entrou pela janela, abraçado ao dia...
- Que me trazes hoje, Vida?
Sentou-se e esfregou os olhos, tentando agarrar o pequeno raio de sol nas mãos...
A Vida deu um grande suspiro e estremeceu àquela pergunta...
O pequeno raio de sol agarrou-se ainda mais ao dia, e escondeu o rosto ainda estremunhado no seu ombro.
-Bem, hoje...hoje - suspirou - vou dar-te algumas coisas que me tens dado também...bem, algumas...
Recostou-se no raio de sol que ainda se agarrava ao dia e pôs-se a pensar...
- Enquanto pensas, Vida, irei caminhar e aproveitar todos os raios de sol que o dia traz ao colo...
Saiu para a rua e nem reparou que a Vida a acompanhava, passo a passo...estava ali, viva e colorida nas pequenas coisas...nas flores, nas nuvens, no arco-íris, no azul do céu...
Percebeu, então, que não precisava perguntar-lhe o que tinha ela para lhe dar, pois tudo o que lhe poderia oferecer, toda a sua riqueza, estava ali perante os seus olhos...
Que mais poderia pedir à Vida?
Os últimos raios de sol, entretanto, tinham ido dormir nos braços do dia e as luzinhas da noite, acenderam-se...adormeceu, admirando a luz da lua.

Sem destino

Sou passageiro sem destino nem hora marcada, deambulando numa terra desconhecida...
Sou brisa  de vento que corre para lugar nenhum..
Sou pássaro livre, sem ninho para pousar suas asas...
Sou nuvem que passeia, errante, e se perde no céu azul dos sonhos de criança...
Sou estrangeira na minha própria terra, a que nunca pertenci...
Sou filha de ninguém e mãe de todos os abraços...
Sou flor sem raiz, beija-flor e borboleta de asas ao vento...
Sou onda que vai e vem numa praia longínqua ...
Sou dor e amor, sou tristeza e alegria, sou fogueira acesa de paixões, desfeitas em silêncios e cinzas...
Sou saudade da minha lonjura que não vislumbro...

Não sei quem sou, nem para onde vou...
Sinto a vida pulsar no calor quente do sangue que me atravessa, no coração que bate e estremece quando a ponta dos teus dedos, toca na minha pele, soltando notas de música...Talvez  me encontre numa dessas notas de música que fervilham nos teus dedos perdidos em teclados de aromas de amor...

Intensidade

Intensas estas dores de parto que me querem trazer nua, de novo, à Luz da Vida!...
Choros sufocados de uma alma que quer renascer neste tempo que se esvai...e não volta!
Tão sómente quero ser Eu, mas perco-me, por essas estradas, sem destino...
Deixo-me guiar por essa mão que me abraça e que não sinto ou deixo-me perder para me encontrar?
Desventrando a mim mesma, tentando cortar os cordões que me prendem no escuro, afastando os fantasmas que me assolam...prossigo nessa luta contra as dores de parto...
Sou e serei tudo o que já fui!...
Talvez onda do mar ou um grão de areia na praia...e na imensidão azul me encontrarei nessa Luz!

Sintonias

Sintonias...notas de vida em acordes de música...
Cores que se completam na tela da vida...
No sítio, na hora certa, no tempo certo...
...encontros que o acaso esqueceu...
Luzes que se entrelaçam e crescem elevando-se em estrelas no horizonte...
Corações que batem em sintonias de amor...
Respirações em uníssono em dois corpos que são um...
Somos sintonias na infinitude do Universo...pontos de Luz que se unem através das galáxias do tempo...
Somos acordes de música, luzes e cores que se completam...

Inunda-me

Inunda-me...
Sou náufraga no calor dos teus abraços...
Sou leito do teu rio, notas da tua música...
Inunda-me...
No mar dos teus desejos...
No silêncio dos teus poemas...
Inunda-me...
Sou bailarina dos teus sonhos...
Sou ninfa dos teus dedos...
Inunda-me...
E deixa-me ficar assim...
Poema das tuas canções, soberana do teu amor...
Inunda-me o meu ser no teu...

Sabes...o que é o amor?

Sabes?...
Amor não se vê, mas possui todos os olhares maravilhados do mundo!...
Amor não é táctil, mas confunde e deslumbra os sentidos!...
Amor queima, arde, e no entanto, não é fogo...
Sabes?...
Amor refresca e não é água...é brisa fresca ao entardecer...
Poesia para a alma...
Sonho e nostalgia, calma e desassossego, dor e saudade...
Amor é a caricia nas mãos de uma criança...um sorriso, um olhar, ao deitar ...e ao acordar, promessa de esperança que faz viver!
Sabes, amor?
Amor é o que faz cantar os poetas!

Espraiando-me

Espraio-me ao sabor das ondas...
A brisa fresca da manhã, toca-me levemente na pele e, num arrepio, sou transportada na brancura de uma onda que por ali passa correndo...
Chego a outras paragens...no castelo dos sonhos escolho a minha morada...
As ondas que vão e vêm sussurram-me uma música que só os sonhadores traduzem...
Deixo-me levar neste sonho azul...leve, frio, envolvente...adormeço...e acordo noutro sonho maior!

Dança

Dança...
Dança ao ritmo do coração
Dança em bicos dos pés...
Lança a tua alma ao vento
Dança a dança dos teus sonhos...
Deixa os teus braços tocarem o céu...
Os pés chegarem às nuvens...
Deixa o teu sonho ser a tua dança!

No teatro da vida

No teatro da vida...
Espectador e actor...
Pedaços de historias num rolo de filme, gasto pelos corredores do tempo...
Comédias, dramas, tragicomédias, romances, teatros e cenas surreais, desenrolam-se na tela da vida...
actuando e assistindo...espectador e actor num papel do qual não se sabe o final...
Farpas de poesias como folhas atiradas ao vento...fantasia e realidade, entrelaçadas,  numa virtualidade fugaz...
Será poesia, será drama, será sonho ou realidade, ilusão dos sentidos, este filme onde vivo?
Serei mera espectadora ou actriz? Serei apenas marioneta nas mãos de um realizador invisivel que desconheço?
Será que haverá sempre um "happy end", uma historia feliz para contar, com muitas histórias dentro...?
Ou apenas a ilusão do sonho não realizado, a quimera duma passagem por uma tela branca que se desfaz ao desvanecer dum tempo?

Partem meus passos

Partem meus passos à procura do TUDO e do nada que habita nele...
Viajo ao ritmo do coração e imprimo a alma nesse solo imaginário...
Sou eu ou pedaços de mim que passeiam pelos rios da vida?...

Só o sonho fica...
E a minha lágrima que cai sobre a tua boca é essência de vida que te faz cantar desejos secretos que só nós escutamos...
Sou eu ou somos nós os dois vagabundos pelos rios da vida?...
Partem meus passos em busca dos teus...
Perdida me encontro no mar dos teus braços!

Nos lugares escuros

Nos lugares escuros e recônditos do ser,
existem portas por abrir e fechar,
segredos por desvendar,
perguntas no ar,
fantasmas da vida por enterrar,
sonhos a realizar...
Por instantes, deixo-me levar em ondas que me transportam a esses lugares...
O medo espreita,
a dúvida assalta,  rápida e fugaz,
a memória trai, as sombras do passado se esvaiem em rios de dor...
Encontro-me na outra margem de mim mesma...
Do outro lado, a Luz se vislumbra...
A dor se esvai...
A culpa morre...
O amor vence!

Resta o sonho...e a vida a sorrir num abraço  a mim mesma!

Meu silêncio

Habito num mundo de silêncio só meu
Onde tudo acontece, onde tudo é possível...
Para lá das paredes de mim, outros mundos me olham
Sou prisioneira do meu silêncio e nele me reencontro
Em sonhos ou realidade...
As respostas são dadas na mudez desse silêncio profundo, penetrante...
Só eu as ouço...como ecos de mim...
Neste mundo de silêncio sou só eu entregue a mim própria!

O meu caminho

Quantos trilhos percorri para encontrar o caminho!
Perdi-me em sitios que nunca conheci, em terras de ninguém...
Construí sonhos, como castelos de areia e desfi-los na areia da praia...
Sentei-me, quieta, à beira do mar, e percorri todos os meus caminhos internos para me encontrar!
Sonhei-te, encontrei-te, um dia, perdido, por esses caminhos da vida...
Agora sonho uma única estrada, de mãos dadas, para encontrar talvez, as ondas macias e brancas que nos levarão ao Sonho, ao Mar do contentamento, à Paz almejada e nunca ainda alcançada!

Quero viver em ti

Quero viver em ti...
és o sonho que habita em mim...
o mar onde espraio meu corpo cansado...
meu porto de abrigo onde encosto o meu rosto...
caricia de ternura numa mão que se abre...

Entralaças o teu sonho ao meu...
derrubamos fronteiras, muralhas...
os teus dedos, cansados de dar...recebem os meus, sedentos dos teus...
e as tuas mãos nas minhas imprimem o amor na pele dos nossos dois seres...
 cansados, mas vivos na chama sempre acesa que nos faz viver!...

Por onde andas meu anjo alado?

Por onde andas meu anjo alado, quando à noite, no escuro, procuro tuas asas macias para me aconchegar?
Vagueias na noite, entoando tuas notas de música às estrelas que não te ouvem...
...em vão, tentas tocar-lhes os corações empedernidos pelo tempo do mundo...
És anjo e tens asas...e tu sabes...eu ouço a tua música, quando me falas ao ouvido...
Guardião do teu templo, guardião fiel do teu ventre materno...
Deixas as penas das tuas asas junto ao meu leito para me acariciar enquanto durmo...
Voltas sempre de madrugada com Luz nos olhos e as mãos cheias de tudo para me oferecer...
...e as penas das tuas asas ganham vida em abraços infinitos de amor...
Que poder enorme, o das tuas asas que conseguem abraçar tudo!

Na ponta do arco iris

Na ponta do arco iris uma nova cor de esperança feita
Um novo devir de uma Primavera anunciada
Uma nova vida de amor e ternura
Montado num Unicórnio às cores, surges em sacos de mimos e sonhos de brincadeiras...
Há tanto tempo que te espero...meu amor mais pequenino, tons de rosa e azul nos meus sonhos...
Depois de um Inverno escuro e sofrido...
Vens tu na ponta do arco iris para nos tocares com as tuas mãos macias de criança e o teu sorriso no rosto...
Renasceremos e reinventamo-nos numa linda história de encantar...

O meu paraíso

O meu paraíso habita algures, num lugar distante, esquecido da minha infância...
Em vão, tento alcançá-lo...mas os fantasmas que me agarram, me detêm...
Tento sonhá-lo, imaginá-lo...existe, eu sei, que está lá, bem longe na memória...talvez um momento, uma felicidade de pura existência efémera, distante, mas tão presente, bem no fundo de mim mesma...
Agarro-o por momentos...mas logo, chegam os ditos fantasmas negros que me usurpam essa alma de criança...
Sou chama que arde algures,  num paraíso longínquo, apagada pelas vicissitudes de um tempo, pelas pinceladas infelizes que uma sociedade pintou no quadro duma vida...
Voltarei um dia ao Sonho Maior, que me espera no mais profundo de mim mesma!

No teu abrigo

Agora queria estar eternamente
no abrigo do teu abraço
no lago quente dos teus beijos
no toque doce das tuas mãos
no peito que carrega o teu coração feito de mel
Percorrermos os dois vales e montanhas de amor...
Viajamos até aos confins do nosso Mundo...
e finalmente encontramos a nossa praia calma, quente, que nos acolhe, só nossa...azul e laranja...
estendemos nossos corpos ao sol e assim ficamos, ouvindo o bater das ondas na areia...
Para cá e para lá, como os nossos abraços...

Semente no tempo

Semente lançada no chão do tempo
Na terra semeada, da terra colhida, para a terra regressada...
Partículas de amor que nossas mãos oferecem...
Só na paciência do tempo a flor surgirá...esplendorosa, luminosa, brilhante, cheirosa...
Brotos de sementes atiradas ao vento do tempo...
Haverá tempo?
No tempo de um tempo imaginado, ilusório talvez, sementes e flores ao mesmo tempo...
Amor e paciência na espera da flor da Primavera...

Fala coração

Fala coração!
Deixa que a tua voz saia pela boca!
Solta os teus gritos, presos como nós na garganta!
Lança teus segredos e mistérios ao vento!
Fala coração!...Usa os meus lábios como veículo da tua linguagem!
Gaiola de emoções que se quer soltar.  Aves de sentimentos profundos, pombos correios que  transportam mensagens  intraduziveis ...apenas  desvendadas e lidas pelos olhos dos corações ...
Fala coração!

O meu jardim

Um dia vou encontrar o meu jardim,
bem dentro de mim...
Flores mais belas e perfumadas brotarão do fundo do meu ser...
Não haverão ervas daninhas ou bichinhos ...
Tudo à minha volta será perfume e cor...
Sementes do Amor que florescem em botões de rosa no Centro do meu coração!

Para lá do infinito

Para lá do Infinito, na outra margem do rio da vida... haverá um abraço do tamanho do mar...
Haverá certezas, respostas para todas as incertezas, haverá a Paz no macio das pétalas das flores...
Haverá sómente risos de crianças, alegrias no ar, a pureza nos olhares, os corações à vista...
Haverá apenas o silêncio, e as conversas serão como nuvens leves no ar...
O perfume como a música,  sairão dos nossos dedos mágicos...
A dor não será mais dor...será ardor de amor!
Para lá do Infinito...estará o nosso Lar!

Mergulho nas profundezas

Mergulho nas profundezas...
Fazendo perguntas para as quais não obtenho resposta...
Quase sufoco, com falta de ar...
No emaranhado das questões, subsistem as dúvidas...
Páro e mergulho em mim mesma...
Na mente anestesiada, quieta na noite escura do ser, talvez encontre a Luz que procuro, a resposta que tarda em chegar, talvez já lá esteja há muito para me indicar o caminho que só o coração sabe percorrer para encontrar-me a mim mesma!...
Mergulho e vou ao fundo, volto à tona e sigo-me em mergulhos constantes!...

Grito de lua cheia

Sou grito de lua cheia...
Uivos ardentes e lancinantes soando no breu obscuro da noite...
Sonho algo que não alcanço e lanço meu grito de lua cheia...
São ecos estridentes que ressoam através do ventre da terra e nos espaços vazios, estremecendo no ar...
São fogos de artificio que queimam o peito dos que sentem tudo...
São ardores de um tempo numa terra desconhecida...onde habito...
Grito de lua cheia que ninguém entende...quiçá, traduzível apenas pelos seres ocultos que habitam nas caves e subcaves da terra, nos mais altos e supra altos dos espaços...
Sou grito de lua cheia e espero que alguém me ouça e traduza este grito que transporto no peito!

Como uma pena

Como uma pena...quero percorrer os caminhos traçados na fogueira dos teus olhos...
Leve, como uma pluma, acariciar tua pele e desenhar na tua epiderme as rotas do meu amor...
Como uma pena, macia...tocar nos teus cabelos e deixar que se confundam na ternura dos meus...
Leve, como uma pluma, percorrer-te os sonhos e acordar-te nos teus braços brancos, cansados de carregar uma vida...

Sou uma pena, uma pluma  perdida dum corpo de anjo que quer aninhar o corpo macio de outro anjo e nele se confundir até que a leveza da vida nos arrebate...