segunda-feira, 9 de abril de 2018

Página em branco



Ficou uma página em branco no livro da vida...
Apenas escritas algumas palavras e muitas reticências, muitos pontos de interrogação...
Ficaram algumas palavras tuas, algumas palavras minhas impressas nesta folha, agora em branco no livro da vida...

Poderia escrever tantas histórias nesta página...

Era uma vez um menino que morava numa aldeia, para lá das serras e dos montes, um menino traquinas, muito esperto que brincava livremente alegre e feliz, fazendo traquinices às meninas e meninos da sua escola. Esse menino plantava um canteiro na escola e todos os dias regava as flores que cresciam viçosas, sendo o mais bonito canteiro de todos os canteiros ...À noite voltava ao aconchego do colinho da mãe que o acarinhava e lhe contava histórias até adormecer, nas noites de Inverno, à lareira Então, o menino dormia e sonhava que era grande e vivia na grande cidade. Os seus lindos olhos azuis acordavam na manhã seguinte e a paisagem era a mesma, vales e montes por onde corria livre e feliz.
Um dia o menino foi mesmo levado  para a grande cidade...diziam que na grande cidade iria crescer, estudar, ser grande, pois era muito inteligente e esperto...Mas não foi isso que aconteceu!
O menino desde cedo teve que tornar-se homem, trabalhando e estudando, esforçando-se...a infância ficou para trás...
Arrancado ao colo da mãe muito cedo, recordando-se e chorando muitas vezes à noite, ansiando pelos seus miminhos...Cresceu e procurou o resto da vida pela infância que lhe fora arrancada bruscamente, procurou colinhos da mãe noutras mulheres e nunca encontrou...

E o menino, agora homem, esquecera-se de como se regam as flores do seu jardim, as flores do canteiro da escola estavam murchas...

Este poderia ser o início de uma história sobre um menino que se tornaria um homem feliz, não tivesse ele esquecido regar as flores do seu canteiro no jardim da sua vida...

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