segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Persona



Quando retirares a máscara, ficarás nu...serás criança...
Essa persona que te obrigaram a colocar não és tu!!
E gritas, lá dentro...
E queres seres tu, sem máscara...
mas logo te afogas nessa água suja e pútrida onde te lançaram...com essa máscara que te sufoca...
E agora...
Tens medo, porque ficarás só, desprotegido sem ela...
E assim continuas sem coragem para deixares de ser actor no palco de teatro da tua vida!
Mas quando finalmente decidires retirar a máscara...
SERÁS TU!


quarta-feira, 26 de outubro de 2016

SONHOS E BOLAS DE SABÃO




Gastei o Sonho...
Agora ele mora lá em cima numa bola de sabão, prestes a rebentar...
Tenta chegar até ti...lá longe onde habitas...
Vejo-te e aceno-te à distância...
fico sentada à espera...olhando os sonhos dentro das bolas de sabão...
Vão e vêm, aumentam ou desfazem-seno vento...
Outros sonhos se aproximam e sussurram baixinho:
"Estamos  aqui! Não deixes os sonhos morrerem...
Tu tens força para agarrar todas as bolas de sabão do Mundo que carregam os teus sonhos!"

Os meus espelhos



Moro numa sala que tem três espelhos.Os três falam comigo.
Um diz-me que sou feia, que sou bonita ou assim-assim, que sou mulher adulta ou que sou criança, que estou triste ou estou alegre, que estou a chorar ou estou a rir...mas que sou sempre aquela menina de cabelos castanhos escorridos, de olhos curiosos e perplexos, querendo conhecer o Mundo e saber porque está em frente ao espelho...Procuro o meu reflexo e deixo que essa imagem exterior por vezes, esqueça e mascare a imagem interior...

O segundo espelho ri-se...diz que as outras pessoas dizem que "ela é isto ou aquilo", "ela pensa que tem razão, mas engana-se", "nós é que sabemos, pois nós é que a vemos!"...E o reflexo do espelho não pára de falar e papaguear, tal como as coscuvilheiras dos pensamentos e línguas imparáveis...

O terceiro espelho está calado e observa no silêncio...Ele diz que os outros dois estão muito enganados...o que o primeiro vê não é o reflexo de mim, apenas um pequeno retrato personificado...
O que diz o segundo é ignorado, um reflexo deturpado, imensos olhos formam esse espelho...

O terceiro espelho diz baixinho que dentro dele está uma imagem que só ele consegue ver... Lá dentro, bem dentro da sua concavidade, está uma divindade, talvez uma borboleta em metamorfose, talvez um botão de rosa a desabrochar, talvez uma estrela tentando brilhar, talvez um pássaro tentando voar, ou apenas uma criança a querer se soltar, brincar e sair correndo pelo mundo, espalhar Amor e gritar bem alto!...

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Inspiração



Menina que sou, escrevo sem pensar, as palavras florescem...
das entranhas são arrancadas como raízes de uma terra fértil de sementes...
Escrevo as palavras nascidas onde moro..
Soltam-se versos como gritos, origens incógnitas nos confins de um Ser...
...e escrevo...
escrevo a alma que chora, que ri...
escrevo a angústia, a perda, a solidão, saudade, o amor...
Estranho o som das palavras, as imagens atordoadas...
estremece o ser...
Possuem-me velozes, insensíveis à razão...
Não param na loucura... agitam-se e quedam-se num papel amarrotado...
Não sei a sua origem...
Se loucura ou lucidez...

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Silêncio



Silêncio...
onde moram todos os sons...
Silêncio...
onde moram todas as perguntas, todas as respostas...
Silêncio...
onde mora a angústia, onde mora a harmonia...
Silêncio...
onde mora a solidão...
Silêncio...
onde mora o encontro, o reencontro do Ser...
No silêncio cala-se a noite, cala-se o dia, e adormece...
Mas desperta...
Sem tempo, sem espaço...
no infinito, onde os corações se tocam no segundo de uma inspiração...
e o toque divino funde-se num beijo invisível...

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Saudade



Estranho sentimento este...
Saudade do que virá...
Saudade do teu olhar que não vi
da tua boca que não beijei
do teu respirar que  não respirei...
e eu sou um rio de saudade do futuro que será...
dos beijos que ainda não te dei
dos abraços que tardam no espaço que nos separa...
das noites que se transformarão em dias
porque já durmo no teu ombro que ainda não senti...
Sentada na cadeira da esperança...
vejo apenas uma sucessão de dias e noites
..no peito adormeceu a saudade...

Sou uma onda



Sou uma onda que anda no mar
Onda para cá, onda para lá...
Ora calma, ora forte, ora doce, ora devastadora...
Sou uma onda que vai e vem...
Recolho-me ou espraio-me
Espreguiço-me ou deito-me na areia...
Choro ou rio...
Do grande Oceano nasci
Ao Grande Oceano voltarei um dia...
Já rasguei muitas marés
Chorei muitos naufrágios
Mas sempre resisti às tempestades
Fico neste ir e vir...
para cá, para lá...
Um dia vou bater naquela rocha que teima em não recuar...
Baterei com tanta força que até a estrela do mar se abrirá e sorrirá...
e do Mar imenso surgirá o Amor!




segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Inteiro em duas metades completas




Porque procurava?
Porquê essa busca vã?
Preenchimento dos espaços vazios do ser...
Sarar as feridas na hora da loucura...
Saltar fora e procurar, procurar...
Procurar o quê?
Procurar o que trazes dentro...
Respira...sente-te...
E agora podes dar-me a mão, o teu sorriso, o teu abraço...
Seremos inteiros em duas metades completas!

domingo, 9 de outubro de 2016

Acordou



...De repente acordou num corpo que não conhecia...
Sentia uma dor profunda, um choro lancinante a tentar irromper das suas entranhas...
Que caminhos teria atravessado para agora estar ali? Num sitio estranho, num corpo estranho...Doía-lhe a dor de se ter esquecido quem era, de onde tinha vindo...
Que matéria era aquela que a circundava, de ossos, de músculos, de carne...

Porque estava ali?

Sentia o peso daquele escafandro, dava passos lentamente, perplexo perante a cegueira dos sentidos.
Sabia que aqueles olhos lhe toldavam a visão...

Até que um dia, cansado de caminhar e indagar a razão porque estava ali, as forças começaram-lhe a faltar, o corpo doía-lhe, a visão limitava-o, sentia-se fraco, queria regressar, não sabia bem para onde...

Era tempo de abandonar aquela matéria feita de braços, pernas e mãos e espalhar a sua essência...

Fechou os olhos...Deixou-se levar...agora sabia para onde ia...
Só via Luz ...ele próprio fundiu-se com essa Luz!

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Não posso inventar o amor


Não posso inventar o amor...
Pudera eu pintar o amor nos corações vazios...
com pinceladas rubras de calor,
toques profundos de ardor...
Abrir os peitos fechados de dor...
Expandir as emoções
Soltar as crianças presas, há muito esquecidas...
Pegar no coração pincelado de amor e entregá-los nas tuas mãos..
Saberias entregar-me o teu?
Ou esqueceste-te de quem és?

Ai...se eu pudesse acordar o amor!...


domingo, 2 de outubro de 2016

Viajantes das estrelas



Errantes viajantes das Estrelas...
Renascidos, esquecidos de si na memória dos tempos...
Eternos sonhadores em busca de si mesmos...
Despertando, acordando para a Luz
atrás da escuridão...
Sementes  das estrelas lançadas num Universo que construiram sem saberem
Eternos deuses esquecidos da sua Essência
Ignorantes sábios, torpes em seus passos atordoados e inconstantes
Caminhos que se cruzam para iluminar, mãos e abraços para se reencontrar
Tocam as estrelas com a ponta dos dedos...
A mente perde-os em pensamentos inconstantes...
Sofrem.perdem-se, amam e encontram-se e de novo se perdem...
Só o bater do coração Uno  em Amor poderá fazer regressar ao Lar que mora dentro desses viajantes errantes...