quinta-feira, 28 de janeiro de 2016
Grito na noite
A solidão fala
O silencio escuta
O vazio completa-se no abraço a mim mesma
Mais uma noite
E a escuridão pode tornar-se Luz por detrás do candelabro que ilumina a sala
De longe chegam notas de música embalando o cair das noites
Sussurram-me vozes perdidas aos ouvidos vindas das profundezas
Proferem palavras inaudíveis, soantes aos olhos da alma
Chego de um tempo muito antigo, esqueci-me de mim e para mim volto,
envolta neste mistério, nesta loucura de gritos na noite
expressão de uma alma escondida na solidão nocturna
terça-feira, 26 de janeiro de 2016
Nas nuvens
Fui buscar um desejo por detrás daquela nuvem
Nele poisei e voei em asas de silêncio, agarrada aos braços do vento para não cair
Fiquei pendurada noutra nuvem que chorava e pairava perto e nela me deitei
Era tão branca, tão leve como uma pena e vagueava no azul infinito...
Deixei-me embalar...
Há tanto tempo que não era assim embalada!
Leve e mágico meu coração que queria sair fora do peito,
voar, sonhar e pairar no azul do Céu imenso...
e adivinhar o Teu sorriso para lá do firmamento...
terça-feira, 19 de janeiro de 2016
Quase morte
Quase morta, renasço
Numa fogueira onde os sentidos se misturam
Adormeci e morri
Curaste-me as feridas com bálsamos divinos
Tocaste o meu ser com tuas mãos perfumadas
e bebeste o meu perfume com a avidez de um ébrio
Acordei e vi a Luz nos teus olhos que choravam dentro dos meus
Botões de rosa floresceram na minha boca
Adormeci e morri
E acordei nos braços de Apolo
segunda-feira, 18 de janeiro de 2016
Os deuses nunca saberão
Os deuses nunca saberão para quem sãos os poemas que escrevemos
Nem nós sabemos esses segredos que escondemos em nós
Um dia quando tudo se transformar em cinzas e pó
Os deuses acordarão e provarão o sabor com que temperámos a terra onde pisámos
Tu acordarás no Olimpo
Eu adormecerei em Sirius
e os nossos poemas voarão perdidos por entre os escombros do que fomos
domingo, 17 de janeiro de 2016
Espectáculo da vida
Naquele dia ela tinha reservado um lugar ao seu lado no espectáculo da vida.
Tinha guardado com cuidado o bilhete na sua mala, já estava um pouco amarrotado, pois já fora há algum tempo que o havia comprado, receara que os melhores lugares fossem ocupados, entretanto.
Aquele espectáculo, há tanto tempo ansiado, seria completo de cenas românticas, cómicas, dramáticas, talvez até trágicas, a reprodução das suas vidas em palco, onde ambos seriam espectadores e protagonistas...Nesse palco viveriam as suas lições, viveriam o seu amor e desamor...
Esperava à porta da sala, o bilhete nas suas mãos já amarrotado de ansiedade...na flor da idade, ainda esperava viver naquela plateia da vida os anos que lhe restavam, todas as cenas que pudesse observar e sentir no fervor dos momentos...
Chegou a hora...ele não apareceu!
Com o coração apertado, resolveu protagonizar e assistir ao espectáculo sozinha...o lugar a seu lado continuava vazio...talvez o acaso ou destino, talvez a ironia, talvez uma qualquer predestinação, tivesse deixado aquela cadeira virgem...Numa cena mais tardia, mereceria, por certo, os seus aplausos, de pé!
quinta-feira, 14 de janeiro de 2016
Se tu existisses, amor
Se tu existisses, amor, virias todos os dias saciar a tua sede na fonte dos meus beijos
Virias, pela manhã, acordar meu olhar cansado de não te ver, tocar meus cabelos e acariciar meu sorriso de madrugada...
Virias à noitinha, cantar-me ao ouvido uma canção de embalar para eu adormecer
E trarias todos os pássaros do mundo para me despertar do sono
Se tu existisses, amor, repousarias a meu lado, à tarde, quando nossos dois corpos cansados, pedissem o nosso aconchego
E à noite, adormecerias comigo ao luar, contando as estrelas bem longe
Se tu existisses, amor, os sonhos já não seriam só meus, pois existiriamos os dois num só Sonho...
terça-feira, 12 de janeiro de 2016
Na concha
Fechada na sua concha tecia a teia dos sonhos
Emaranhava-se nas linhas da vida, esculpia os caminhos...e...saía...
Encontrava-se com outras conchas por essas praias
Tal como ela, eram pérolas perdidas nos mares da solidão
Dormiam à noite na areia, olhando as suas irmãs estrelas
Encontro
E quando o teu sorriso pousar no meu
quando os teus olhos se fundirem nos meus
Eu não serei mais eu...
O teu corpo não será mais teu
O meu corpo não será mais meu
E as tuas mãos, entrelaçadas nas minhas, farão uma prece aos Céus...
Teremos asas e voaremos perdidos e livres no cântico de uma só alma
segunda-feira, 11 de janeiro de 2016
Sol e Lua
Sob o Sol ergue-se a Lua,
tímida, nua, exuberante
O Sol observa-a e toca-lhe a pele húmida e fria
Bastaria o seu pequenino raio quente
Para a Lua resplandecer
Sua pele seria brilhante
Seus cabelos não mais seriam negros
E os dois dançariam na Via Láctea
Perante o olhar das estrelas
Dois, amantes eternos, belos
apaixonados gloriosos
quinta-feira, 7 de janeiro de 2016
Ilusão
E sigo, embriagada no fulgor dos meus sentidos
Buscando a eterna ilusão do Ser no Não Ser
Janelas por abrir, véus por destapar, florestas por desbravar na memória dos registos
Seguem meus passos para a Terra do Nunca ou talvez do Sempre
Sigo ofuscada pelo o que os meus olhos vislumbram,
Cega perante a Luz que me atravessa
Sou restea do que Sou
Quero acordar deste Sonho!
terça-feira, 5 de janeiro de 2016
Renasce
Não resvales o teu coração em terrenos movediços
Ausculta-o antes, apalpa-o e sente-lhe o sangue palpitante dos desejos escondidos por entre a fibra quente dos tecidos
Penetra-te e vislumbra-te, sente-te e revive-te!
Transgride os terrenos se neles não encontras os caminhos
Salta de poça em poça no chão molhado de lágrimas, salta no meio do abismo mas nunca deixes escorregar o coração
Sente a febre da Vida atacar-te as entranhas como uma fera selvagem a roer-te os sentidos...e depois de não restar nada nos escombros das cinzas, ergue-te cintilante, rejubilante, incandescente, por entre as brumas caídas e apagadas dos caminhos...
sábado, 2 de janeiro de 2016
Às doze badaladas
Às doze badaladas
o coração pulsou
o mundo parou...
A magia aconteceu!
O encanto dos contos de fadas despertou
A Lua sorriu e as estrelas lançaram fogos em farrapos resplandescentes
Um sorriso azul, um raio de Luz brilhante e quente surgiu, por entre a multidão...
Trazia nos olhos os meus olhos, na alma verde esmeralda a esperança de um novo ciclo
Nas palavras a sabedoria das horas passadas e das horas vindouras
Trazia um abraço pronto para acordar um coração dormente...
Às doze badaladas a magia aconteceu!
Seria apenas uma miragem , ou um sonho ou um recomeço..
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