terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Rugas da alma, traços de dor


Naquele fim de tarde de Outono, sentado num banco de jardim desgastado pelas intempéries das sucessivas estações..olhava para si...
Naquele rosto de meia-idade ainda permanecia  as faces de menino que fora,os olhos brilhavam num laivo de esperança que lhe acalentava os dias...as primeiras rugas tinham começado a sulcar-lhe o rosto, expressão de uma vida que lhe havia tatuado na alma outras rugas, outras marcas que ali permaneceriam para sempre...
Do menino que tinha sido já mal se recordava, arrancado à força da infância que o vira nascer nas mãos da sua avó cigana...
Do menino que nunca fora, apenas ficara o homem que conhecera todas as amarguras da vida
...nada mais ficara...senão as marcas duras, fundas, tatuadas na alma...
E daquele menino-homem se estenderam as mãos para o irmão que passava junto ao banco do jardim, pedindo ajuda...porque das suas mãos raiavam feixes de Luz, brilhantes como seus olhos, capazes de penetrarem o Mundo...pois duma alma sulcada pela dor, resta a Força que jaz adormecida...
e, qual Fénix renascida das cinzas, viu-se rodeado pela Esperança do Amor que pousou na sua cabeça, trazida nas mãos de um Anjo que lhe tocou suavemente as rugas tatuadas na sua alma ...

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