sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Sonhei-te no meu sonho


Sonhei-te no meu sonho
escrevi-te na página em branco
pintei-te na tela nua
esculpi-te num abraço
e aí permaneceste, qual obra de arte, imperturbável, quieta,
qual figura, misto de Adónis e Eros
imutável, inatingível...
e as minhas lágrimas congelaram, qual rio, na esperança de alcançar o teu mar..

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Eu sou do Sol, eu sou da Lua


Eu sou do Sol, eu sou da Lua...
Minha alma feminina que toca a alma da Lua...
acariciada pelos afagos do Sol...
fragmentos de mim dispersos numa busca solitária de um desejo vão...
angústia desfeita em pedaços na esperança de um funeral cujo casamento será celestial, cortejo de estrelas, damas de honor desta cerimónia perene entre Sol e Lua...naquele breve instante em que se encontram...e tocam meu Ser...

Eu sou do Sol, eu sou da Lua...
Eu amei alguém, mas esse alguém não ama ninguém...

Disperso-me em partículas num Universo de Amor infindável e infinito...busco a mim própria quando me entrego a este segundo de encontro entre o Sol e a Lua, algures entre o pôr do Sol e o alvorecer da madrugada...

Eu sou do Sol ...eu sou da Lua...e não pertenço a ninguém...



quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Atravessar as margens

Atravessar as margens, percorrendo o leito livre e lento da vida, descongelando o meu corpo fisico estagnado no tempo e espaço que não existem...deixando, espalhando aos poucos, as partículas de estrelas de que sou constituída, deixá-las libertadas no Universo, morada onde pertenço e finalmente tocar o dedo perscrutador de Deus, perante o olhar extasiado dos Anjos!...Entrar no Sonho de todos os Sonhos...
E tornar-me Amor!...apenas Amor!..

A

sábado, 17 de agosto de 2013

Alice in wonderland


E eu era Alice...num país encantado..
porque o encanto se quebrará e eu...esperava..
esperava..um sinal, um toque mágico para voltar à realidade perdida...
Depois de ter caído naquele buraco, descobri meu Mundo..
descobri que o que está em baixo está em cima...
a fantasia que mora em cima  paralela ao encantamento que encontrei cá em baixo...
Alice, eu..menina grande..menina ao mesmo tempo pequena...
percorrendo um país de descobertas, de mistérios, de encantamentos e fantasias..
Onde está o meu chapeleiro louco? O meu coelho terá fugido para onde?
Quero continuar a percorrer esses caminhos por desvendar..quero perseguir o meu sonho de criança e nunca mais acordar!!

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Alquimia


Alquimia dos sentidos, alquimia do amor..
magia que carrego em meu regaço..
estranha forma de vida que toca suavemente o etéreo
para lá do horizonte de mim...
transforma o desejo em ensejo de ventura,
amores numa quimera sem fim...
beijos em ouro de luz,
brilhos de toques resplandecentes...
bateres de asas de anjos, macios...
sonhos em sonhos de outras almas-gémeas, tocando o infinito...

domingo, 11 de agosto de 2013

Para quê adiar o amor?


Para quê adiar o amor?

Para quê?
Se os meus olhos são os olhos do amor..porquê adiar o amor?
Se o meu sonho está no sonho de outro sonhador..se a minha vontade mora na dele...
se os animais são feitos com amor..
se a água é feita com amor..
se as árvores são feitas com amor..
se sou una com os pássaros, com a natureza, com as pessoas, com a Vida...
Eu que vejo com os olhos da Águia, posso ter asas...
Eu posso tornar-me chuva, tornar-me nuvem, tornar-me vento....
Pois o meu sonho é o sonho do Céu e do Paraíso..
Não posso adiar o amor...

sábado, 10 de agosto de 2013

Raio de sol ao entardecer



Surgia ao fim da tarde, qual raio  de sol, quando as horas se deitavam com os minutos e os segundos.. e o tempo parava...
Aquecia-me o rosto com o resto do calor que  espalhara durante o dia...
Perfumava-me os  cabelos, tingia a minha roupa com o perfume das rosas...
Deixava sorrisos, sorrisos de criança...
Tocava minha pele...percorria o meu ser...sulcava as veias que percorrem minha alma...
E como um rio que desagua para o mar, deslizava vagarosamente por entre as teias do tempo...sem rosto, sem nome..deixando o vazio das horas soltas e nuas...
De manhã, acordava apenas num nome reluzente de sol..

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Danço

Danço...
danço o meu ser no limbo das minhas emoções...
sentires que baloiçam na cadência dos meus movimentos...
navegando nas ondas de uma alma..
alma bailarina, mulher, dona de uma energia sulime
que jorra sob meus poros...
embalos de movimentos que perpetuam no tempo a marca do Ser...

domingo, 4 de agosto de 2013

A Caçadora Divina



Artemisa era a caçadora suprema , devido ao modo espontâneo como caçava.Preenchia muito facilmente as suas necessidades e vivia em perfeita harmonia com a floresta. Tudo na floresta amava Artemisa e era uma honra ser caçado por ela. Não parecia nunca que Artemisa estava a caçar; tudo o que ela precisava vinha até ela. Por isso, ela era a melhor caçadora, mas também fazia dela a presa mais dificil. A sua forma animal era um veado macho, quase impossível de caçar.
Artemisa vvia em perfeita harmonia na floresta, até que um dia um rei deu uma ordem a Hércules, o filho de Zeus, que andava à procura da sua própria transcendência. A ordem era que  Hércules tinha de caçar o veado mágico de Artemisa. Hércules, sendo o invencível filho de Zeus, não recusou; dirigiu-se à floresta para caçar o veado. O veado viu Hércules e não teve medo dele. Deixou que Hércules se aproximasse, mas quando Hércules tentou capturá-lo, ele fugiu. Não havia modo de Hércules poder apanhar este veado, a não ser que se tornasse um caçador melhor do que Artemisa.
Hércules apelou a Hermes, o mensageiro dos Deuses, o mais rápido, para lhe emprestar suas asas. Agora, Hércules era tão rápido como Hermes, e, em breve, a mais valiosa das presas estaria nas mãos de Hércules.
Podem imaginar a reacção de Artemisa. Ela foi caçada por Hércules e, claro, quis vingar-se. Queria caçar Hércules e fez os possíveis para o capturar, mas Hércules era agora a mais dificil das presas. Hércules era agora tão ligeiro que, embora tentando insistentemente, Artemisa não conseguia capturá-lo.
Artemisa não precisava de Hércules para nada. Sentia um forte desejo de o ter mas, claro, isso era apenas uma ilusão. Acreditava que estava apaixonada por Hércules e que o queria para si. A única coisa na sua mente, era apanhar Hércules e isso tornou-se uma obsessão até ao ponto de não se sentir mais feliz. Artemisa começou a mudar. Já não estava mais em harmonia com a floresta, porque agora ela caçava apenas pelo prazer de apanhar a presa. Artemisa quebrou as suas próprias regras e tornou-se um predador.
Os animais tinham medo e a floresta começou a rejeitá-la, mas Artemisa não se importava. Ela não via a verdade; apenas tinha Hércules na sua mente.
Hércules tinha muitos trabalhos para fazer mas, algumas vezes, ia para a floresta visitar Artemisa. Cada vez que o fazia, Artemisa fazia os possíveis por caçá-lo. Quando estava com Hércules, sentia-se muito feliz por estar com ele, mas sabia que ele havia de partir e tornou-se ciumenta e possessiva. De cada vez que Hércules partia, ela sofria e chorava. Odiava Hércules, mas também o amava.
Hércules não tinha ideia do que se passava na mente de Artemisa; ele não se apercebia que ela estava a caçá-lo. Na sua mente, ele nunca seria sua presa. Hércules amava e respeitava Artemisa, mas não era isto o que ela queria. Artemisa queria possuí-lo; ela queria caçá-lo e ser predadora dele. Claro que todos na floresta se aperceberam de diferença em Artemisa, excepto ela. Na sua mente, ela ainda era a caçadora divina. Não tinha consciência de que tinha caído. Ela não tinha consciência de que o céu, que era a floresta, se tinha tornado inferno, porque depois da sua queda o resto dos caçadores caiu com ela; todos se tornaram predadores.
Um dia Hermes tomou a forma de um animal e, exactamente quando Artemisa estava pronta para destruir Hércules, ele tornou-se um Deus e ela redescobriu a sabedoria que tinha perdido.Ele informou-a de que ela tinha caído e, com este conhecimento, Artemisa dirigiu-se a Hércules para lhe pedir o seu perdão. Não foi outra coisa senão a sua importância pessoal que a levou à queda. Ao falar com Hércules, compreendeu que nunca o tinha ofendido, porque não sabia o que se estava a passar na sua mente, Depois, olhou a floresta à sua volta e viu o que lhe tinha feito. Pediu desculpa a cada flor e a cada animal até que recuperou o amor. Uma vez mais, Artemisa tornou-se a caçadora divina.

In   A Mestria do Amor
      de Don Miguel Ruiz