Desta vez, seria uma noite de Natal diferente.
O avô Bernardo queria fazer uma surpresa aos netos. A casa
cheirava a canela e gengibre. Erva doce pairava no ar.
Luzes e estrelinhas douradas e prateadas adornavam o ambiente. A árvore de Natal erguia-se, como que querendo furar o tecto e chegar ao céu.
As prendas, a pedirem para serem rapidamente abertas, os papéis quase a descolar de ansiedade.
À meia noite, avós, netos, filhos e pais reuniram-se à volta da árvore. Maria e João, os mais pequeninos, saltavam de alegria. Música de Natal, envolvia, encantando, o espaço.
Toc, Toc - bateram à porta.
Olharam uns para os outros, espantados.
-Maria, vai abrir a porta! - disse o avô Bernardo, com ar comprometido.
A pequenita, de imediato, obedeceu ao avô.
-Quem será? A esta hora? No dia de Natal... - perguntavam todos.
Eis que o Pai Natal, gordo, enorme, barbas sem fim, tentava a custo entrar na casa, perante o
olhares arregalados. Trazia um saco às costas que só podia entrar de rojo e com ajuda de todos.
As crianças ficaram de tal modo extasiadas, que, sem saber como, como por magia, num piscar de olhos, treparam o abeto, o esqueleto da árvore de Natal.
De repente, veem-se no telhado, a tocar as estrelas.
Espreitam ainda pela chaminé.
-Afinal, o pai Natal não desceu pela chaminé! - diz João a Maria, ainda confuso.
-Vamos depressa para baixo! Antes que ele se vá embora!
Escorregam pela chaminé.
Um colo aconchegante, gordo, macio, rodeado de cabelos brancos, como palhinhas da manjedoura do menino Jesus, esperava por eles, negros da fuligem.