Soltam-se beijos

Caiu a noite...
dormem os beijos na tua boca...
à minha espera...
Saltas, corres, saltas pelas escadas, degrau a degrau...
Salto a salto, soltam-se os beijos..
Saliva na boca, salto a salto...
Degrau a degrau
Passo a passo...
soltas os beijos nos meus...
Têm sabor a mel que guardas em ti...
Soltas os beijos na minha boca...
Saltamos...
E soltam-se todos os beijos...
que espalhamos no leito gasto da espera...
...Soltam-se os beijos e saltam dois corações!

A insustentável leveza de um momento

Perguntei-te se me querias dar teu  coração...respondeste que se  o desses te transformarias num homem mau e tu não querias deixar de ser aquela pessoa boa que sempre  foste e cuja alma teus olhos espelhavam em Luz...
Talvez mo pudesses emprestar, em pedaços, em formas de estrelas ou cometas, misturados em néctares, coloridos, fruta-cores em nuvens ondelantes de amor, calado, mas sentido...em voares de pássaros que se sentam ao nosso lado, esperando um beijo, um sinal, mostrando-nos que tudo tem a beleza de um segundo, a eternidade profunda  contida nas nossas duas mãos agarradas...a leveza insustentável de um momento...

Leito de vida

Mordo os lençóis marcados de sangue da vida, num leito alvo e  virgem de corpos..

Tardas com as marcas de mim em ti, numa cama vazia,,,
As noites estão cativas de ti nos meus braços...a  dor grita, lancinante, para te chamar apenas à distância de  um beijo..
Sou sonhadora apaixonada e moro  quiçá, nos sonhos de alguém..
Procuro encontrar  os  teus  braços e estás lá, num abraço apertado, quando me vejo ao espelho no calor dos dias solitários...

Dormes no colo de alguém

Dormes, cansado, no corpo de  alguém...
eu   sonho-te nos meus braços, sonho-te nos meus sonhos...
Dormes e não sabes, não sonhas que vives nos meus sonhos...
dormes no corpo de alguém...e eu choro...sou apenas uma parte de mim...sem ti..
sou fogueira acesa apagada pelo frio das noites  vazias...
Dormes e eu sonho-te...quero-te...
mas dormes no colo de alguém...

Surgido da noite

Surgiste através  do  escuro das noites vazias, belo, misterioso, no teu cavalo alado, leve, esculpido em versos de amor,    trazido numa   nuvem  de sonho e  esperança!...
 Tentei desenhar-te  nas  páginas  virgens do meu livro,  esboçar  os meus  sonhos  com as linhas  do  teu corpo, mas os traços escapavam-se por entre meus dedos...

Então, minhas mãos, ainda trémulas, tentaram abraçar-te...onde estaria presa a chave que poderia abrir teu coração?
Cantei-te, devagarinho, baixinho ao ouvido uma canção de embalar...Sonhavas!...e talvez no teu sonho, recordasses a criança que foste!...  o teu menino que esqueceste!...

Agora sussurra-me tu essa mesma canção  ao ouvido!...

Ainda haverá tempo de a  dizer entre nós e deambular pelos dias sós e  esquecidos...