sábado, 3 de janeiro de 2015

Existindo na não existência comum



Tinha rompido o ventre materno...era um homem de cerca de 90 anos, mas ainda com toda a força de vida própria de um recém-nascido...
Sentiu estremecer todo o corpo quando colocou os seus pés na Terra...sabia porque ali estava...chorou...mas não porque sentisse a dor do parto ou a separação...
Sabia que o que o trazia ali era mais importante que todas as causas e tudo se encaixava plenamente no seu cérebro já construído...
Tinha a força e jovialidade da infância...

Passaram anos...
e o seu corpo recuperava a forma de adulto, jovem e criança...
Contudo, ia perdendo as memórias de outrora...
agora, criança de corpo e mente, despojado de tudo, das razões porque ali se encontrava, das ilusões e formatações ...sentia-se aquele que tudo sabe mas na pureza e inocência infantis...e brincava com a vida, como uma criança brinca com uma bola, um brinquedo...
A luz da pureza iluminara-lhe os olhos...
Sentiu-se, de repente, desfalecer...
Já não pertencia àquele mundo...
Regressava ao ventre materno...
E, num orgasmo, eis que estava no seu Mundo, o Mundo que tanto esperara!...

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