Acorda-me quando acabar...

Acorda-me quando tiver acabado...
Sussura-me ao ouvido um despertar de Amor...
Belisca o meu corpo cansado da vida...
Perpetua-me no teu olhar...
Liberta-me a alma do ninho das aves eternas...
Percorre-me a alma...
Solta o  beijo preso nas masmorras das minhas emoções...
Extasia-me em cânticos angelicais...
Acorda-me quando o sonho tiver acabado...

Desencontrada de mim

Desencontrada de mim...procuro-me na vastidão das estradas da vida que percorro...
pedaços meus como  sombras, como folhas de Outono secas, esquecidas, levados ao vento...
Tacteio  na escuridão e não  me encontro...ao fundo do túnel haverá uma luz...
talvez seja eu, quieta, finalmente desperta...
Sim, reconheço, sou Eu...
mas que faz ali aquela alma,desencontrada, perdida, porque espera para abraçar esta outra, perdida,vazia, quase cega de medo?...
...e assim continuo em encontros e desencontros comigo mesma...

Esquecida

Ando esquecida de mim...
Tentando relembrar o que deixei  por detrás dos véus que me envolvem...
Seguindo a mesma linha que tracei, delineando a minha vida...
Aqui não há passado, não há futuro...
Destapo-me, fico nua perante o imperecível...e busco recordar tudo o que já sei...
Admiro-me e extasio-me perante as sincronicidades, refugio-me nas teias doces dos sonhos, percorro quase cega, tacteando os caminhos, escolho ...e deixo-me levar por umas asas brancas que me acariciam suavemente o meu Ser!...

Meu sonho é um menino traquina

Meu sonho é um menino traquina
Sopra-me ao ouvido, acorda-me enquanto durmo...
Puxa-me os cabelos
Beija-me as faces
Desperta-me para que fique acordada...
Eu resisto...
Quero permanecer no Sonho...
Quero dormir nas asas desse Anjo...
Não quero acordar...
Mas esse menino traquina não desiste...
Toca-me com seus dedos...
Diz-me baixinho ao ouvido: "não adormeças!.."
Eu hesito,,,meus olhos pesam...meus sonhos vagueiam céleres como cavalos alados...
Minhas pernas pesam e não me deixam pousar as asas do sonhos na terra...
Deixa-me sonhar, menino traquina!

Grito de andorinha

No âmago da minha alma ecoa um grito de andorinha em debandada numa tarde de fim de Verão...
Existe um prenúncio de fim de tarde solitária, numa espera, em sombras sem rastos...
Existem sonhos que se anunciam e sonhos que ficaram nas memórias das tardes de sol...
Anunciam-se novos ciclos, como águas que brotam dos meus olhos, lágrimas que se renovam na quietude das noites...
E de dentro do vazio da sequência solitária das noites e dias , brota sempre uma flor de esperança que lança um perfume que se mistura no ar...misterioso, lânguido, tardio...impenetrável...

Quando as primeiras folhas de Outono começarem a cair

Quando o Agosto adormecer nessa tarde de Verão...
Quando as primeiras folhas de Outono começarem a cair
Quando o Sol se puser nas colinas da saudade...
Talvez, não me encontres nesse banco de jardim agora vazio de esperas...
Talvez não ouças mais a minha gargalhada de criança por entre os risos das nossas brincadeiras infantis
Talvez, meu amor, apenas fique a saudade de algo que nunca encontraste...
Talvez um murmúrio, talvez uma frase, fiquem perdidos numa espera sem sentido...
Talvez uma simples palavra fique para sempre muda no livro que nunca escreveremos...
Quando as primeiras folhas de Outono amarelecerem..

Ficará apenas o rascunho das palavras que nunca diremos...