terça-feira, 29 de novembro de 2011

De lagarta a borboleta



E...de dentro do seu casulo, a lagartinha, espreguiçando-se, estendeu as suas patinhas, e perguntou-se a si própria porque continuava ali fechada há tanto tempo!..

Uma a uma, lentamente, foi retirando os seus pézinhos lá de dentro e de repente, viu-se cá fora, com todo o seu corpo ao sol...ainda teria um longo caminho a percorrer até alcançar o mundo das suas amigas borboletinhas...

Rastejando, espreguiçando, continuou olhando o sol, vislumbrada pelo seu fulgor, interrogando-se sobre o porquê de ter que rastejar tanto tempo até poder transformar-se em borboleta...e voar! Sempre fora o seu sonho, voar livremente, linda no ar, etérea, beijar o céu, confundir-se com os pássaros...

E eis que, quase como por milagre, um dia acordou e viu-se nas asas lindas e coloridas de uma borboleta, como tinha sonhado!...Borboletou então, feliz, por esses céus, sorvendo sofregamente o azul do firmamento!...Tinha alcançado a felicidade!...

domingo, 27 de novembro de 2011

Regresso ao ventre materno


Somos arrancados ao ventre materno, com dor, no meio de choros, quase que implorando para nos deixarem lá ficar quietos, no nosso cantinho!..
A partir desse momento, o nosso cordão umbilical é cortado e ficamos sós, desamparados para sempre!...

A sensação de desamparo, faz-nos procurar novamente o ventre que nos acolheu, o conforto, o bem-estar, todo o acolhimento e amor desse estado de crescimento dentro da nossa mãe...Começamos então, na busca incessante de alguém que nos preencha, que nos conforte, nos ampare, nos faça sentir tão bem e em plenitude, como nesse estado embrionário...Crescemos cá fora, assim, sós, com alguns encontros que nos dão a ilusão temporária desse  amor e conforto, mas tudo volta ao mesmo...o encontro com nós mesmos!...

E nesse momento, quando se dá o encontro com a nossa essência, connosco mesmos, teremos de novo alcançado a paz, o amor, a plenitude que sentimos no ventre da nossa mãe!..
Até lá, suportaremos as dores de um parto dificil e longo!...

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Silêncio


Dizem que o silêncio é a maior  arma...
sim, porque o silêncio pode ser mais forte, mais poderoso e vitorioso do que todas as palavras...

O silêncio eleva-nos a alma, dilui-nos no ar, aproxima-nos de Deus...
os silêncios são palavras inaudíveis para alguns ouvidos menos atentos...audíveis para outros!...

Através do silêncio quase que consigo tocar com a ponta do dedo no Infinito, abrir no Além uma porta para várias portas...encontrar-me e sentir Paz!..

domingo, 20 de novembro de 2011

Ecos


Ficam ecos daquilo que foi...e não volta a ser...
ecos das gargalhadas de menina...
ecos da voz da nossa mãe a acordar-nos mansamente demanhãzinha...
ecos das risadas inconsistentes e inconsequentes da adolescência...

Ecos..de uma infância e juventude, perdidas...

Depois..ecos do choro do grito do nosso filho ao nascer...
das palavras meigas e carinhosas de um "mamã, eu amo-te!"...
ecos de um amor partilhado a dois entre paredes de um quarto...

Ecos, ecos, ecos...apenas ficam ecos registados na alma...com uma saudade que se renova a cada dia que passa...permanecem aqueles que nos recordam o bom que a vida nos trouxe...mas não volta!

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

E a vida passa por mim...


E a vida passa por mim...parecendo não se aperceber da minha presença ali, a vê-la passar, atenta aos seus passos..
Segue veloz, mas tímida e frágil, por vezes com medo de tropeçar, mas segue sempre em frente, não desviando o seu trilho, a sua busca..e eu ali, quieta, observando-a!.. "Ei, estou aqui!" - aceno-lhe eu ao longe, "quero seguir esse teu caminho, mas por onde e aonde me levas, dizes-me para que me levas?"

E lá vamos nós, abraçadas, ela sempre indiferente, fugaz, vulnerável, mas ao mesmo tempo poderosa!..

Para onde me levará ela..só ela sabe o segredo..e eu tento perscutar!..

domingo, 13 de novembro de 2011

Alma de pássaro



Liberta desta carne que me envolve o ser,
destes ossos, destes músculos,deste invólucro que é a minha pele,
destes pés que me colam à terra...
existo eu...
um ser leve, pequeno, com alma de pássaro,
que quer voar livremente por esses céus fora,
em bandos, dançando, sonhando, batendo nas nuvens
tocando o céu!...

Alma de pássaro..alma de gente pequena e leve!...

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Poderia ser o paraíso...

http://www.youtube.com/watch?v=MgODvsCmYAs&feature=share

Quando ela era uma garota,
tinha expectativas sobre o mundo...
Mas isso voou do seu alcance...
Então ela fugiu com o seu sono...
Paraíso...
Todas as vezes que ela fechava os olhos...
Ela tinha expectativas sobre o mundo...
E balas foram pegadas pelos seus dentes..
A vida continua
Fica tão pesada
A roda corrompe a borboleta
Cada lágrima uma queda de água
Na noite, noite de tempestade
Ela fechou os olhos
Ela voou para longe
E sonhou com o Paraíso...
E ainda sob a noite tempestuosa
Pensou: eu sei que o sol estás prestes a nascer!..

Isto poderia ser o Paraíso!...

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Talvez um dia Te encontre


Talvez um dia Te encontre...
na doce ternura de um abraço,
Talvez um dia Te encontre...
no sorriso alegre de uma criança...
Talvez um dia Te encontre ...
sózinho, mendigando, à beira da estrada...
Talvez um dia Te encontre..
no toque macio de umas mãos...
Talvez um dia Te enontre...
na ternura de um olhar...
Talvez um dia Te encontre...
num bater de asas de uma ave...
Talvez um dia Te encontre...
num raio quente de Sol...

Talvez um dia Te encontre...
ou talvez já Te tenha encontrado...
e deixei-me adormecer nos braços do teu aconchego,
sonhando um dia acordar e ver-Te, esperando há muito
por mim...

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Conjugando o verbo "amar"


Conjugamos o verbo "amar" no pretérito (o que passou, não permanece)..
.às vezes até o mais-que-perfeito (como se houvesse "mais que perfeito!)...
no futuro, como se pudessemos saber se estaremos cá ou persistiremos nesse sentimento...ou até se existirá futuro!...pois tudo acontece no "aqui" e "agora", não existe espaço, nem tempo...
Conjugamos, então, no condicional...mas para o amor não há "ses" nem condições...no imperativo, como se pudessemos ordenar a alguém que ame!...

Conjugamos o verbo "amar" em todos os modos e tempos, na 3ª pessoa...

Esquecemos que o temos de conjugar na 1ª pessoa , no tempo presente, no modo incondicional e infinitivo, pessoal (ou até talvez, impessoal, abrangendo o seu sentido mais lato...)!...

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Ondas do mar


Ondas do mar...Sereias do meu sonho,
Venham-me acordar devagar,
banhem-me os pés ao meu despertar...

Quero acordar e ver como são fortes e poderosas as ondas do mar...
Ora acariciando levemente a areia da praia, espraindo-se lânguidamente...
Ora derrubando com a sua força todos os obstáculos encontrados,
plenas de alva energia ...

Acordo...
Vagueio num mar azul de espuma branca que me lava a alma!...