quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

A inspiração demora


Naquela noite chuvosa de Inverno, pegou na caneta, uma folha em branco na secretária...
a inspiração tinha adormecido! Procurou-a...em vão...
talvez se tenha escondido debaixo do sofá onde outrora houvera troca de palavras de amor ditas ao ouvido dos apaixonados...
talvez tenha desistido e tenha antes ido refrescar-se nas gotas de água frias que caiem lá fora...
Talvez estas a inspirem...
Talvez tenha morrido, sonâmbula, nos tantos sonhos que tivera e se desfizeram...
Talvez...talvez se tente encontrar dentro de si mesma...
Talvez a dor, talvez a saudade, talvez o amor, o desamor, talvez as mágoas sejam apenas inspirações fugazes, adormecidas em noites de chuvas e lágrimas caídas numa alma dormente...
Inspiração onde te escondeste?

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Os meus anjos



Hoje está frio, os meus anjos não voam lá para fora...
Ficam cá dentro, no quentinho, encostando suas asas nos meus braços...
Falando baixinho,de mansinho ao meu ouvido...
Ouço o som das suas vozes pousando devagarinho como penas brancas nos meus ouvidos...
São sons parecidos  à voz do mar, ao cantar dos pássaros, ao sussurrar das folhas nas árvores...
Encosto-me ao macio dessas níveas asas...sinto lá fora o frio, o quente que me envolve cá dentro...
Adormeço com o sorriso branco dos anjos...

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Quando as águas das chuvas pararem



Quando as águas da chuva pararem, minhas lágrimas secarão nos meus olhos também...
Terão lavado minha alma, terão levado nas enxurradas as saudades tuas...
Terão despido meu ser...
Então, só então, surgirão os primeiros raios de sol, os primeiros botões de rosa...
e o teu sorriso, meu amor...
Quando as águas das chuvas levarem nossas lágrimas...
Todos os caminhos ficarão abertos para te reencontrar...
o teu sorriso azul, meu amor...

domingo, 14 de janeiro de 2018

A esperança bateu-me à porta



Naquela noite a esperança bateu-me à porta...
Vinha vestida com as cores do arco-íris, trazia no rosto um olhar e um sorriso de menina disfarçados num corpo de mulher adulta...
A medo, dei-lhe um abraço...
Disse-me que não queria ser a última a morrer...
Respondi-lhe que talvez eu morresse primeiro que ela...
Então, abriu o seu regaço e espalhou flores de todas as cores pela sala...
O perfume inundou-me a alma...
Adormeci naquele leito de flores, abraçada  à esperança...

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Aquela estrelinha trémula...



E por entre a fresta da janela, brilhou, trémula de Luz, aquela estrelinha pequenina...
Inundou a sala escura, fechada e fria...
Suspiros ouviram-se por entre os poros de tinta das paredes nuas...
Saltitando, brincando, aproximou-se dela e sussurrou-lhe ao ouvido, palavras doces, palavras ternas, pintadas de esperança...
Sentou-se a seu lado e sorriu-lhe, brilhou mais um pouco sobre uma madeixa dos seus cabelos...
A vida tinha-se esquecido dela naquela sala escura e fria...
A estrelinha veio lembrar-lhe que ainda existia uma Luz escondida, por debaixo dos botões da sua blusa, num sítio recôndito, pulsante de vida, um coração vibrante de amor

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Partiram os teus olhos dos meus



Partiram os teus olhos dos meus...
E, sem dizer adeus, no azul do mar se fundiram...
Os meus tornaram-se náufragos dos teus, procurando-os,
navegando num mar de lágrimas de saudade...
Esperando um sinal, fiquei, ali, sentada na praia...
Talvez um dia o teu olhar viesse numa qualquer maré para voltar a abraçar o meu...
Talvez outros olhos tivessem prendido os teus...noutra praia, noutro mar...
Talvez...
Fiquei ali sentada, vendo o teu olhar azul espalhado no mar, juntando minhas lágrimas a essa água que corre sem parar...Correndo pelo meu rosto, até um dia deixar de sonhar...

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Do deserto ao vale dos sonhos


Fiquei perdida no deserto vazio da mente...
Apenas uma pequena flor vermelha num cato, olhando-me de soslaio num canto da sala...
Onde ficou a minha natureza selvagem? O que restou de mim?
Volto para trás...
Prossigo rio abaixo, encosto-me à flor vermelha do cato...
Percorro, rastejando, o vale dos sonhos, até me encontrar finalmente...
O último quilómetro torna-se penoso, nesta travessia do deserto...
Encontro-me por fim, estou inteira naquela gruta cheia de Luz! Os lobos uivam lá fora, companheiros do caminho...