quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Pedaços de mim


Sou pedaços de mim jogados ao vento,
sonhos, promessas, ilusões desfeitas no meu ser...
Sou criança diluida num corpo de mulher
Sou estrangeira em mim...quase não me reconheço!
Arranco esses pedaços de mim e construo o puzzle que sou...
tento não desfazer os pequenos pedaços destroçados...
e reconstruo-me a cada momento...

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Marca do tempo


Desvanece-se o tempo em labirintos insondáveis...
Teias de saudades sulcam estradas no rosto de quem ama...
O que foi, o que era, ficou marcado no nosso olhar...ainda ecoam gritos de esperança através das paredes deste tempo...
Cativos nas marcas dos tempos, permanecemos incólumes...tentamos decifrar os segredos escritos, ocultos nas bermas dos caminhos...são labirintos de vida onde nos sentimos presos...devaneios de peregrinos errantes na senda infinita do Ser...sucumbimos, na busca incessante, cansados, desgastados...até ao final dos nossos tempos!

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

O Meu Mundo


Se conseguisses ver através dos meus olhos
Se conseguisses sentir através do bater do meu coração
Se conseguisses traduzir o som que os meus lábios proferem
Se conseguisses saber o significado que o meu abraço imprime...
Verias o meu Mundo...
No meu Mundo existe sonho e fantasia de criança
Existe inocência e a amargura da saudade da infância
Existe um Poema e uma letra de música por cantar
Existem todas as histórias de encantar por contar
Existe uma dança invulgar e um olhar melodioso cheio de melancolia...
...Quererias lá ficar e comigo voar?
Deixarias as dúvidas no ar?

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Querida solidão


- Olá, querida solidão! Sabes uma coisa?
Começo a gostar de ti, a amar a tua companhia ...
Tu és a minha fiel companheira de todos os dias, todas as noites...
Nunca desmarcaste os nossos encontros, nunca fugiste da minha presença, nunca arranjaste desculpas para não me ver...Começo a gostar de ti, fiel companheira!
E depois, tu és uma conselheira tão boa nos silêncios que repartimos...
Nunca me abandonas nas vicissitudes da vida, quando choro agarrada à almofada...tu ouves-me, irmã, e acaricias-me com os teus silêncios...e reencontro-me!
Abraço-te nos dias frios e nos dias quentes encosto-me ao teu seio, sonho e parto em aventuras inesquecíveis...
Agradeço-te, companheira solidão, sábia professora dos silêncios!

domingo, 19 de novembro de 2017

Eu sou uma nuvem passageira



Eu sou uma nuvem passageira...
No firmamento me movo, espreitando por entre os raios de sol...
Sinto os algodões de neve acariciando-me a pele, provocando-me arrepios...
Continuo vogando no azul celeste...
Sou leve, às vezes tornou-me pesada e choro...lágrimas desejadas e tudo fica mais leve!
Minhas irmãs, também nuvens passageiras, cumprimentam-me à passagem, beijam-me os cabelos brancos...
Às vezes entretenho-me a brincar, esboço figuras no céu, animais e outras coisas mais e divirto-me quando as crianças apontam com o dedo para mim, tentando adivinhar o meu desenho...
Por vezes o vento, um visitante inesperado, sopra-me e empurra-me para lugares longínquos...tremo de medo, desfaço-me em pedacinhos, mas continuo a minha viagem...
Quero beijar o mar, aquele imenso vizinho azul, mas quedo-me perante a sua imensidão...
Sou apenas uma nuvem passageira que com o vento se vai!...


sábado, 18 de novembro de 2017

Remendos



Remendar pedaços de uma alma ferida é tarefa para um bom costureiro...
Colar pedacinhos de um coração partido, tarefa para um bom artifice...
Costurar e emendar pedaços de uma vida, só conseguirá aquele que coloque todo o seu Ser, amor e entrega nessa tarefa...
Somos espelhos partidos em pedaços, tentando colar-nos uns aos outros para sermos inteiros...
Mas...talvez a tarefa seja só nossa...colar e remendar todos os nossos pedacinhos cabe a nós mesmos, costureiros e artifices de almas e corações despedaçados da vida...


sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Porto de abrigo


Porto de abrigo onde encosto a minha alma e descanso o meu ser...para tudo esquecer!
És o meu porto de abrigo aonde anseio pousar minhas asas cansadas, onde quero repousar o meu corpo e encontrar-me...
Quisera que o teu ombro fosse a minha âncora, o meu amparo, o asilo das minhas adversidades, o lugar do esquecimento...
Quisera que teus braços fossem o recanto do meu ninho, o encosto das minhas dores, o alívio das minhas lágrimas...
Quisera que o teu corpo fosse fogueira para me aquecer em noites gélidas e solitárias...
Quisera que o teu colo fosse meu refúgio, me amparasse, criança que sou...
Quisera que teu peito despertasse meu coração adormecido...
Quisera que fosses o meu porto de abrigo...
Mas teus braços tardaram em abrir-se para os meus, tuas mãos ficaram mudas de distância...
E eu petrifiquei, gélida de esperas, nas noites frias e cortantes de Inverno...
Quisera eu reencontrar-me em ti!


terça-feira, 14 de novembro de 2017

Minha estrelinha do mar


Minha estrelinha do mar, que caíste do céu para me salvar ou fazer naufragar...
Agarrei-te no ar, estavas a brilhar...
Vieste-me contar histórias lá do firmamento, histórias de outras galáxias, histórias de muitas estrelas...
Eu, pequenina, olhei-te, agarrei-te na palma da minha mão...
Sonhei, como tu, ser uma estrela fulgente lá em cima no firmamento...
Mas, como eu, caíste no mar...levámos os nossos braços ao Céu, esperando ser salvas pela nossas irmãs estrelas...
Brilhaste no Céu, foste estrela do Céu...agora és estrela do mar e comigo, queres conversar...
Somos duas estrelas a brilhar...
E um dia ao Céu vamos regressar...

domingo, 12 de novembro de 2017

Ecos do silêncio



São ecos do silêncio que nos separam nestas horas em que só a voz da saudade se ouve...
Nestas horas, em que tudo se avoluma, em que o nada se torna tudo, são os ecos do teu silêncio que encontram os meus...
São ecos de palavras por dizer, palavras que ainda não foram ditas ou nunca serão, segredos guardados no silêncio de cada um de nós...
E a dor avança, perante estes ecos, o sono tarda, os filmes desenrolam-se perante os ténues fios de luz de uma vela sobre a mesinha no quarto, que teima em não se apagar...
A angústia aperta o estomâgo e por fim, o corpo sucumbe, embrenhado, anestesiado pelo sono, tentando traduzir estes ecos do silêncio que vêm de longe ...

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Falhou-me a poesia



Falhou-me a poesia no passar dos dias frios e vazios...
Invejo os poetas, as inspirações, jorrando nas veias como fontes de água fresca, cascatas de palavras que nunca secam!
A poesia secou-me nas veias, emudeceu-me a garganta na penumbra da alma...
As feridas sangrando nos sulcos dos versos por escrever, roubaram-me a poesia que congelou dissolvida num pranto gélido de solidão...
Restaram-me os últimos raios de sol de um Inverno tardio...a recordação de um abraço à beira-mar, o beijo esquecido na areia da praia...
Falhou-me a poesia...

domingo, 5 de novembro de 2017

Debruçada na janela


Debruçada sobre a janela da Vida...
Amava aquele azul da sua imensidão
Sentia nos cabelos o ar, repetindo ecos vindos dos confins de si mesma...
Estendia-se naquele mar e naquela praia onde vivia, descansava nas horas mortas...
Nessas horas, escutava as marés, as ondas que iam e vinham, deixar na areia da praia histórias que só os búzios sabiam os segredos...
Histórias de amores, histórias de sonhos desfeitos em grãos de areia...
Agora, debruçada na janela sobre a Vida...
Sabia que nenhuma história teria sido em vão, nenhum sonho ficaria desfeito, enquanto houvesse um sopro de maresia acariciando-lhe os cabelos...
Inspirou mais uma vez e deixou-se embalar pelos cantos das sereias...
Para lá daquela janela...a imensidão do Oceano infinito chamado Vida...que a encantava com seus mistérios!