quarta-feira, 30 de março de 2016

In útero


In útero nasço
In útero vivo
In útero renasço

Casa de onde venho
mãe terra que me acolhe,
fruto do ventre sou
e para o Ventre regresso...

De um sonho in útero vim
Num sonho in útero vivo
Para o Sonho caminho

Útero femina abençoado sois!

terça-feira, 29 de março de 2016

A cada instante



A cada instante nasço
a cada instante morro
A cada instante renasço
a cada instante sucumbo
A cada instante acordo
a cada instante adormeço
A cada instante recordo
a cada instante esqueço
A cada instante amo
a cada instante AMO
Cada instante é eterno
Cada instante é SEMPRE

segunda-feira, 28 de março de 2016

Ata-me e...desata-me


Ata-me os pulsos e sente as veias a pulsar ao ritmo do teu coração, ardendo nas tuas...
Conquista a minha alma, qual cavaleiro peregrino das estrelas, brilhando em seu majestoso cavalo alado
Seduz-me com essa espada de Luz e deixa-te seduzir por esta rosa que se abre em pétalas de Primavera
Palmilha-me e passeia-te nos lugares que meu corpo esconde
Seremos aventureiros e descobridores de sítios desconhecidos
Essa Luz será a minha e seremos inundados nessa cegueira ofuscante
Nos trilhos da Morte nos encontraremos ébrios de paixão e no final te suplicarei:
- Desata-me!

Poesia, escreve-me



Sê tu a escrever-me, Poesia!
Penetra-me com os teus olhos doces de rosa púrpura
e escreve-me
desnuda as folhas brancas, grávidas de sons e cores com palavras profundas,
etereas de deslumbres, magias e ilusões
tudo o que quiseres que eu seja, eu serei no teu livro
Escreve-me, tu, Poesia
com as lágrimas que os meus olhos vertem ou com o sangue rubro que nas minhas veias  lateja
Deixa-me incendiar o teu ventre com o fogo que jaz no meu peito!

domingo, 27 de março de 2016

Fogo, água, pó



Sou água, fogo, pó
Terra e Céu
Ar e gotas de água
tocando a eternidade
desfazendo-me nas partículas de ar
e materializando-me em pó
vezes sucessivas nos caminhos térreos
Sou cristais de água sublimados em partículas divinas
Sou fogo ardente, sou vapor, sou amor...
sou substância volátil...
Sou alma...

sexta-feira, 25 de março de 2016

Horizonte das palavras



Fiquei perdida no horizonte longínquo das palavras...
Trancaram-se-me na garganta, qual bicho carunchoso
Tolhido na madeira dos dias calados
Cativas palavras, por dizer,
numa linguagem inentendível...
buscando sentimentos presos, escondidos nos mais recônditos do Ser...
Sugando-me a alma, irrepreensível e estranha esta linguagem que conheço mas não entendo,
As verdadeiras palavras estão  mais longe no horizonte ou mais fundo e nem todos as decifram...

quinta-feira, 24 de março de 2016

O último poema



E depois da poesia...
Ficámos nós, nus, na areia da praia...
Lançaste ao vento pedaços de folhas de papel com os últimos poemas que escrevemos juntos...
O vento escutou e escreveu  na areia o único poema que só os nossos dois corpos nus poderiam escrever
Na folha em branco da praia, na escuridão da noite, restou o único e último, o mais belo poema do Mundo, aquele que só as estrelas e as ondas do mar sabem escrever, o poema do amor...a  última poesia...

terça-feira, 22 de março de 2016

Banco de jardim



Nos bancos de jardim jazem escondidos segredos de amor perpetuados no aroma das flores espalhado pela Primavera circundante,
perfume do amor traz lembranças do cheiro da terra e cheiro do Céu, em misturas subtis de cores e asas de borboletas
Sentam-se os beijos quentes e lá ficam
Esses bancos que aí estão,  esperando...têm o aconchego dos abraços das tardes frias de Inverno e o pôr-do-sol dos olhos dos amantes
Têm uma luz que prende os corações passeantes e têm as promessas de amor escritas para sempre na madeira que não apaga o tempo
Esses são os bancos de jardim que perpetuam o amor




(Foto do Jardim Municipal da Figueira da Foz, banco com versos de Rui Miguel Fragas)

segunda-feira, 21 de março de 2016

Éramos asas ao vento



Éramos asas ao vento,
pássaros de fogo, erguendo-se sob a sombra da ignorância passeante
Sabíamos que o nosso reinado tardio habitava na Luz e as sombras nos propagavam
Éramos gigantes, quais anjos de asas batentes, ondas de fogo ardentes num mar infinito de esperança
Éramos asas ao vento e voávamos  mais veloz do que o próprio vento...

quinta-feira, 17 de março de 2016

Desfeitos em vento


Pedaços do Ser desfeitos ao vento em cantares de andorinhas e gaivotas no prenúncio da Primavera...
Alvoreceres e fins de tarde, proclamando a esperança de um Renascer...
Farrapos de mim, espalhados por aí, sonhando a glória de Amor...nas águas turbulentas do  mar me agito e me aquieto...aí permaneço, no alto de mim mesma, observando-me quieta, solto o que antes fora e o que agora serei...espalho-me na Natureza, parte de mim mesma...
Aconchego-me à noite sob a luz ténue duma vela, adormeço, por fim, no colo da música dos anjos ...

terça-feira, 15 de março de 2016

Abraça-me, anjo



- Olá anjo, queres levar-me contigo?
- Mas, amada, eu sempre aqui esteve...
Não me sentias quando o teu coração pulsava no fogo do amor?
Não me sentias à noite quando pensavas que estavas sózinha e eu vinha bater suavemente no teu ombro com a ponta das minhas asas?
Não te recordas quando te sussurrava baixinho ao teu ouvido, leve, etéreo, doce?...
Não te lembras quando eu e o meu séquito de anjos te embalavam e aconchegavam no nosso colo no frio gélido da noite? Recordas os nossos cânticos celestiais e os sons das harpas que faziam vibrar o teu coração e tu não sabias porquê?...
Silencia,  observa que eu tenho estado sempre aqui, dentro do teu coração divino...
- Sim, recordo agora, meu anjo, o teu Amor impregnava-me de perfume as veias...tinha esquecido como o meu coração ardia em fogo quando tu pairavas devagarinho com as tuas asas sobre mim...
- Sim, lembra-te que eu sempre estive na Luz que os teus olhos de menina traziam contigo e no peito que agora, o teu corpo de mulher transporta no teu coração!
- Agora não esquecerei jamais, meu anjo...sempre estaremos aqui os dois e eu adormecerei um dia no teu colo para nunca mais de lá sair! Respira comigo!




quarta-feira, 9 de março de 2016

A tua voz



A tua voz
melodia de poesia aos ouvidos
notas de água cristalina e pura como os teus olhos
acordes de musica angelical que me transporta por entre as águas do lago
ao coração onde habita o nosso Deus
A tua voz que silencia o meu Ser
e me embala nas noites solitárias
A tua voz que me estremece quando dizes um "olá"
tem nela todas as vozes dos anjos...
A tua voz guia-me ao nosso Divino
A tua voz faz parte da música dos meus dias e noites!
E o silêncio acontece!...e nós ouvimo-nos!


Consegues ouvir na tua voz a  ternura dos cantos dos pássaros e as ondas das águas que se abraçam?

quinta-feira, 3 de março de 2016

Poeira das estrelas



Permaneço no vazio do todo...não sei de nada e sei que sei tudo...
Sou poeira das estrelas, espalhada por aí...
Sou estrela cintilante
Percorro-me  errante nos trilhos desconhecidos do Infinito...
Já soube quem fui mas esqueci...
Agora sonho-me!
Navego no azul celestial e encontro portos de abrigo nas clareiras das noites escuras e sós..
Levito e regresso de novo das profundezas do ser
Neste vai-vem encontro-Me

Sou talvez só poeira das estrelas e perco-me entre o Sol e a Lua!


(Foto - Olhares - Partículas em Abstracto - Vinant)