Temos tanto para viver!...

Tinhamos tanto para viver, amor!...
Mas a vida deixou-me suspensa na palma das tuas mãos,
nas fotos que não tirámos, nas histórias que não contámos,
nas lágrimas que não chorámos , nas gargalhadas que não rimos...
Ficámos tu e eu nas duas margens...
Silêncio...
E percorri o teu corpo numa viagem sem fim...Sonhámo-nos!...
Os teus olhos foram os meus, as tuas mãos as minhas...
Naufraguei em ti, agarrada aos pedaços de mim...
E nas asas dos anjos voámos...
Temos tanto para vive, amor!
No fôlego de vida que nos resta, seremos peregrinos numa estrada sem rumo que só nós conhecemos!..
Seremos a saudade escrita em versos no livro da eternidade!

Já não vens

Já não vens tocar as tuas mãos nas minhas...
Já  não vens acender a luz dos teus olhos nos meus...
Já não vens adormecer no meu peito...

Restou o silêncio...

E o frio das manhãs cinzentas...
Os meus cabelos ficaram brancos nas colinas dos teus seios...
No cais da espera fiquei, olhando o horizonte...
Vendo  os navios passarem...
E a multidão indiferente...
A solidão adormeceu a meu lado...
E eu sonhei-te, esperando no cais
O navio dos desejos que não chega...

Vamos contar as estrelas

Disse-te:
- Vamos contar as estrelas!
Mas tu agarraste-as todas na palma da tua mão!
Restou-me apenas o brilho dos teus olhos nos meus...
E com ele todas as estrelas do Universo pousaram em mim!...
Eram tantas que não as consegui contar!

Menina mulher

- Minha pequenina!...
E sou algodão doce derretendo na tua boca...
Sou menina nos teus braços...
Abraças-me e sou mulher...
Brinco dentro dos teus carinhos...
e sou menina!...
Partimos juntos em viagens inesquecíveis...
E sou mulher!...
- Minha pequenina!
E sou mulher e menina...
Sou anjo ou demónio...
No paraíso ou inferno dos teus beijos, no colo doce dos teus abraços...
E na macieza da tua pele sorvo o poder da eternidade num segundo de imortalidade...

Meu mundo

Escondo no meu castelo todos os sonhos, perante o olhar atónito das estrelas ...
Guardo todos os segredos...
Guardo todas as viagens imaginárias atravessando os meandros dos mundos interiores...
Guardo os sons, as cores, os cheiros e os sabores das terras distantes ...
Guardo os amores sufocados, os amores imaginados...
Guardo fadas,  ninfas, anjos que  me vêm adormecer, cantando baixinho ao meu ouvido..
Guardo um Mundo só meu...
Guardo o encontro comigo na solidão dos dias...

O travesseiro vazio

Do outro lado do leito, jaz, vazio e frio um travesseiro imaculado...
Dorme nos teus sonhos e adormece todas as noites nas saudades das tuas lembranças...
Traz os teus segredos escondidos...mole, macio, sonhador eterno...

Espera que um dia voltes e lhe contes ao ouvido todas as histórias que precisas contar-lhe para adormecer os meus olhos de criança outrora tão vivos, hoje cansados...

Nesse travesseiro imaculado que espera por ti existe um Mundo inteirinho de sonhos, uma mão cheia de poemas e muitos mistérios por desvendar...

O teu anjo

O teu anjo, solitário, encontrou o meu, perdido entre as lembranças esquecidas...
Levemente, deixou repousar suas asas na alvura das minhas...
E voámos!...
Sussurram-nos palavras quentes ao ouvido e nós sorvemo-las gota a gota como o vinho, misturado com o mel que degustamos em taças de amor
Palavras de nossos anjos...romance mágico no entardecer de nossas vidas!
Desenhas essas letras no meu corpo cansado,
Com as tuas mãos delineaste os meus sentidos...
E a minha alma dançou com a tua nas asas desse Anjo que te visita em segredo na tua solidão, altas horas da noite...Ele toca-te com suas mãos níveas de pureza...
E tu trazes em ti ainda o aroma dessas mãos que nos leva ao Céu...

Descemos de novo, incendiados  pelas chamas que nossos corpos ateiam nas nossas almas...
Nos teus olhos me encontro, no teu corpo me perco e na tua alma me revejo!...

Naufraga

Navego, naufraga de mim,  num mar turbulento de emoções...
Debato-me nas ondas do meu Ser...
Encontro-te, perdido, na margem...quieto, sereno, esperas...
Percorro-te...preenches os espaços vazios de mim...procuramos o nosso porto de abrigo...talvez o encontremos entre o teu corpo e o meu, entre a minha alma e a tua...
Navego, naufraga de mim mesma e afogo-me em ti...
Para, no fim, me encontrar de novo!